Você está pronto para discutir o projeto catequético e participar de todas as reuniões de planejamento. Já percebeu como todas essas tarefas envolvem outras pessoas? Esse é o terceiro ponto fundamental da história. Ninguém vai a lugar nenhum sem um bom entrosamento entre padres, diáconos, seminaristas, coordenadores, agentes, catequistas, catequizandos e familiares. Não há mais espaço, na igreja do século XXI, para o cristão egoísta, que não troca informações permanentemente com os demais na comunidade. O trabalho em conjunto chega como uma importante ferramenta de melhoria do trabalho em comunidade. Na catequese chega de pensar nas salas isoladamente. A perspectiva certa é a do todo. "Trabalhar assim é ampliar a participação da coletividade". O modelo dominante ainda é o que está assentado numa prática individualista e fragmentada, "baseado em conteúdos pre-estabelecidos, com métodos de avaliação excludentes, e numa gestão que dispensa o trabalho em grupo". Mas nem tudo está perdido.
"Procure fugir do conceito de que planejar é dar receitas", "Ou seja, não estabeleça tudo antes. Deixe um espaço para resolver questões imprevistas. A organização da catequese tem a ver com o cuidado de não engessar o processo". O que dá uma importância ainda maior à equipe, que precisa estar coesa. Periodicamente, os catequistas devem fazer entrevistas, reuniões com pais e moradores, que servem de inspiração para o planejamento — um jeito muito bom de tomar decisões em conjunto. Além das reuniões freqüentes de catequista deixe um espaço fixo de discussão com os catequizandos. Com isso, as famílias se sentem co-responsáveis — e os catequistas retribuem com atividades ligadas à vida das crianças. Nas turmas iniciais, por exemplo, um dos trabalhos preferidos pelos pequenos é construir letras de argila para escrever os nomes de pessoas da comunidade.
A aprendizagem é reforçada pela interação. Marina, de 6 anos, Thiago, de 9, e Cíntia, de 14, modelam flores coloridas de papel crepom para enfeitar o ambiente catequético. Vão fazer, juntos, um carro alegórico. Bem perto, outro grupo com gente de todos os tamanhos recorta retalhos coloridos, cola e costura bonequinhos de pano, batizados de Frida e Fritz. A experiência tem por objetivo integrar diferentes idades (a catequese aboliu a classificação por séries ou fases). Os grupos são montados aleatoriamente, para que menores e maiores se ajudem, aprendam uns com os outros. A reorganização das turmas é uma das situações de aprendizagem com inspiração sociointeracionista usadas como parte da proposta de trabalho. No exemplo, eles são apenas três, nos quais as crianças são agrupadas por faixa de idade. Os conteúdos viram um meio para desenvolver competências, o que começa pelos próprios catequistas. Exemplo, um catequistas teve de pensar numa atividade simultânea para catequizandos dos 6 aos 14 anos. "Às vezes, tenho a impressão de que vou perder o fio da meada", diverte-se. A garotada adora. "Os pequenos reclamam um pouco, mas nós, maiores, sempre podemos ajudar", diz Karina, de 13.
No início, há um temor de que os catequistas com catequizandos de 12 e 14 anos não soubessem lidar com os de 6 a 8 ou de que os maiores se desentendessem com os menores mas as experiências vêm mostrando que o resultado é maravilhoso. O motor desses encontros é a possibilidade de proporcionar situações novas além de incentivar o trabalho em equipe. Na prática, eles servem para balançar os alicerces da formação rígida e segmentada e fazer com que as crianças se conheçam melhor. O planejamento individual virou peça de museu. De olho no futuro, o catequista precisa ver a importância de levar o catequizando a querer aprender. Perceber como é glorioso pegar um ser humano cru e elevá-lo. Essa é a função do educador: passar o gosto pelo saber. Em resumo, o desafio que está colocado é buscar a melhor maneira de ajudar a construir um mundo melhor.
Adaptado Flávio.
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