Tudo o que você precisa conhecer sobre o assunto mais falado no mundo da educação. Esse novo jeito de ensinar, usado por educadores, em muito pode ajudar na Catequese com seu grupo de catequizandos.
Lembre-se dos últimos encontros catequéticos que você deu: reuniu o grupo, falou, explicou, deu exemplos, celebrou e se desdobrou para que a turma entendesse o tema. Alguns até levantaram a mão para fazer uma ou outra pergunta, mas, no geral, todos ficaram quietos, "prestando atenção".
Será que eles estavam realmente interessados? Depende. É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir. Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países.
O objetivo dessa abordagem é ensinar aos catequistas o que eles precisam aprender para ensinar seus catequizandos a serem cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros. Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria das catequeses ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na turma, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las. Não há uma receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode-se começar entendendo como ela surgiu.
Até a conferência de 1990 em Jomtien, na Tailândia — onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos —, os processos educativos estavam calcados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial. Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar à exaustão. Naquele encontro, concluiu-se que havia necessidade de mudanças estruturais. Ficou claro que reformar a educação era uma prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma educação para todos. Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma.
Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é que esse contexto não existe mais. A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo. Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão.
A catequese agora tem também o papel de ser espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de Deus. Mas, afinal, o que são essas competências? E como desenvolvê-las? O dicionário Aurélio define essa palavra como "qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos". Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos.
Sim, agora são todos esses os objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico. Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço especialista em práticas pedagógicas, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos — como saberes, habilidades e informações — para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Ele cita dois exemplos:
Será que eles estavam realmente interessados? Depende. É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir. Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países.
O objetivo dessa abordagem é ensinar aos catequistas o que eles precisam aprender para ensinar seus catequizandos a serem cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros. Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria das catequeses ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na turma, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las. Não há uma receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode-se começar entendendo como ela surgiu.
Até a conferência de 1990 em Jomtien, na Tailândia — onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos —, os processos educativos estavam calcados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial. Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar à exaustão. Naquele encontro, concluiu-se que havia necessidade de mudanças estruturais. Ficou claro que reformar a educação era uma prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma educação para todos. Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma.
Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é que esse contexto não existe mais. A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo. Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão.
A catequese agora tem também o papel de ser espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de Deus. Mas, afinal, o que são essas competências? E como desenvolvê-las? O dicionário Aurélio define essa palavra como "qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos". Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos.
Sim, agora são todos esses os objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico. Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço especialista em práticas pedagógicas, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos — como saberes, habilidades e informações — para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Ele cita dois exemplos:
1) Decidir seu caminho em uma cidade desconhecida requer as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações. E também diversos saberes, como ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.
2) Saber votar conforme seus interesses mobilizam as capacidades de se informar e preencher a cédula, bem como os seguintes saberes: conhecimento de instituições políticas, do processo de eleição, de candidatos, de partidos, dos programas de governo, das idéias democráticas etc.
Esses são exemplos simples. Outras necessidades estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. "Os seres humanos não vivem todos, as mesmas situações e as competências devem estar adaptadas a seu mundo", teoriza Perrenoud. "Viver na selva das cidades exige dominar algumas delas; na floresta virgem, outras. Da mesma forma, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver." Como se pode ver, as definições são complexas, muitas vezes imprecisas. Diante desse quadro, a primeira dúvida que surge diz respeito aos conteúdos. Eles deixam de existir? Não.
Ninguém aprende nada desvinculado do conhecimento teórico. Trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama de ensino contextualizado. Uma coisa é você explicar no grupo um tema. Outra é comparar e testemunhar a vida com este tema. Ocorre que o tempo é um parceiro cruel, todos vão argumentar. Com certeza. Um tema não se esgota em um encontro. É nessa escolha que entra o conceito de situações-problema, nas quais o conteúdo é apenas um dos elementos a ser levados em conta na hora de abordar qualquer conteúdo. A motivação é criada a partir da geração de conflitos.
Resolver um desafio estimula a turma. É mais importante que o catequizando saiba lidar com a informação do que simplesmente retê-la. Depois de lançada uma tarefa em que todos se envolvam, até uma catequese expositiva pode ter lugar. Nesse caso, ela estará inserida na resolução de um problema concreto e a teoria ganhará uma finalidade aplicável. Trabalhar assim significa o fim do conteúdo pelo conteúdo. Se o objetivo é estudar uma situação real, do cotidiano, então o conhecimento também não pode estar separado. Se todos os saberes devem se unir para atender às necessidades do catequizando, então os catequistas das diversas idades também precisam sentar juntos para definir os temas? Sim.
Sem planejamento ninguém vai a lugar nenhum, o primeiro passo é repensar o projeto pedagógico, com o plano e a ação da catequese voltados verdadeiramente para a formação de indivíduos independentes e críticos. Sem perder de vista as necessidades do meio em que o catequizando vive. E isso ainda não é tudo. De nada adianta trabalhar dessa maneira se a avaliação não muda. Mas, como avaliar competências? A observação é a melhor forma de saber se houve ou não o aprendizado. Ela precisa ser feita a todo momento, com o catequista prestando atenção ao que cada catequizando está fazendo, como reage aos estímulos, o que atrai seu interesse. Do contrário, o catequista não vai ajudá-lo a superar suas dificuldades. Mais uma vez, Perrenoud mostra um caminho para uma avaliação eficiente:
Ninguém aprende nada desvinculado do conhecimento teórico. Trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama de ensino contextualizado. Uma coisa é você explicar no grupo um tema. Outra é comparar e testemunhar a vida com este tema. Ocorre que o tempo é um parceiro cruel, todos vão argumentar. Com certeza. Um tema não se esgota em um encontro. É nessa escolha que entra o conceito de situações-problema, nas quais o conteúdo é apenas um dos elementos a ser levados em conta na hora de abordar qualquer conteúdo. A motivação é criada a partir da geração de conflitos.
Resolver um desafio estimula a turma. É mais importante que o catequizando saiba lidar com a informação do que simplesmente retê-la. Depois de lançada uma tarefa em que todos se envolvam, até uma catequese expositiva pode ter lugar. Nesse caso, ela estará inserida na resolução de um problema concreto e a teoria ganhará uma finalidade aplicável. Trabalhar assim significa o fim do conteúdo pelo conteúdo. Se o objetivo é estudar uma situação real, do cotidiano, então o conhecimento também não pode estar separado. Se todos os saberes devem se unir para atender às necessidades do catequizando, então os catequistas das diversas idades também precisam sentar juntos para definir os temas? Sim.
Sem planejamento ninguém vai a lugar nenhum, o primeiro passo é repensar o projeto pedagógico, com o plano e a ação da catequese voltados verdadeiramente para a formação de indivíduos independentes e críticos. Sem perder de vista as necessidades do meio em que o catequizando vive. E isso ainda não é tudo. De nada adianta trabalhar dessa maneira se a avaliação não muda. Mas, como avaliar competências? A observação é a melhor forma de saber se houve ou não o aprendizado. Ela precisa ser feita a todo momento, com o catequista prestando atenção ao que cada catequizando está fazendo, como reage aos estímulos, o que atrai seu interesse. Do contrário, o catequista não vai ajudá-lo a superar suas dificuldades. Mais uma vez, Perrenoud mostra um caminho para uma avaliação eficiente:
1) As atividades e suas exigências precisam ser conhecidas antes de iniciá-la.
2) Deve-se incluir apenas atividades contextualizadas.
3) Não pode haver nenhum constrangimento de tempo fixo.
4) É necessário exigir uma certa forma de colaboração entre os pares.
5) O educador tem de levar em consideração as estratégias cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos educandos.
6) Ela deve contribuir para que os educandos desenvolvam ainda mais suas capacidades.
7) A correção precisa levar em conta apenas os erros de fundo na ótica da construção de competências.
Ou seja, o trabalho torna-se mais sensível do que técnico. Trazendo para a catequese, temos que o final de cada etapa, passa a ser resultado de muitos fatores, não apenas de uma "provinha". É o progresso e a evolução do catequizando ao longo da caminhada na fé e vida da comunidade. Ficou assustado com o tamanho do desafio? Todos sabem que, na prática, as mudanças ainda vão consumir muito tempo até serem bem assimiladas. Até lá, continuarão existindo as boas e as más maneiras de catequizar. Mas que ninguém duvide: esse novo jeito de educar, que dá oportunidade a todos de aprender, será "a" referência em educação e, mais cedo ou mais tarde, servirá para diferenciar os melhores catequistas e as comunidades que merecem destaque. Por um motivo simples, quem não se atualizar vai formar pessoas fora do seu tempo.
Adaptado Flávio - Revista Nova Escola
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