"A Vergonha"
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo,
principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema
banalização do sexo. Impossível assistir ver este programa ao lado dos
filhos.. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos
"heróis", como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra
gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza
ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a
realidade em busca do IBOPE.
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu
um "zoológico humano divertido" . Não sei se será divertido, mas
parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os "animais" do
"zoológico": o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o
negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a "não sou
piranha mas não sou santa", o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta,
a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM
que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e
escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro
de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.
Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente
bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se
morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse
programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da
ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro
repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e
meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente,
chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos
exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros,
profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os
professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores
incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com
dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida
por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a
isso todo santo dia.
Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças
complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais
saudável e digna.
Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs,
voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de
carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna
heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam
suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como
mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não
acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos
telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro
estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à
criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e
moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol,
fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o
"escolhido" receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo
de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento
humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da
Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de
pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta
centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e
setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil
reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse
dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino
e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas
populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e
indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário
Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...,
estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,
telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar
com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao
BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda
resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade..
Fonte: site e e-mail da net
Canal de interação entre catequese, comunidade, família, catequistas, catequizandos, mães, pais, clero, leigos, contabilidade, gastronomia, diversos temas. Empresário/contabilidade/finanças (http://oliveiracont.blogspot.com/); Educador/conservador/catequista Jardinagem/horta/natureza/dicas/receitas (http://catequesexpress.blogspot.com/);
quarta-feira, 31 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Cerveja tem vitamina que combate anemia
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que a cerveja, assim como as verduras de cor escura, tem vitamina B9 (conhecida como ácido fólico ou folato). A vitamina é importante no combate à anemia e doenças cardiovasculares.
A pesquisadora e engenheira de alimentos Ana Cecília Poloni Rybka, responsável pela pesquisa, explica que as análises foram feitas em três tipos de cerveja produzidas no Brasil: pilsen, sem álcool e malzbier. "Os resultados mostraram que a cerveja tem cerca de 20 microgramas de folato por 100 ml. Uma lata tem de 17 a 20% das quantidades de vitamina B9 recomendada (por dia, para um adulto)." A pesquisadora analisou cinco formas de folato e encontrou três deles na bebida. "Mas não podemos dizer que a cerveja supre carência desse nutriente", explica.
Além da vitamina B9, foram analisadas na pesquisa as quantidades de compostos fenólicos (antioxidantes, substâncias que combatem o aparecimento de radicais livres na corrente sanguínea) nas cervejas.
A cerveja malzbier respondeu às análises com mais que o dobro de compostos desse tipo do que as cervejas pilsen e sem álcool. A cerveja sem álcool apresentou teor abaixo, porém similar ao teor encontrado em cerveja pilsen, tanto de folatos como de compostos fenólicos.
A pesquisadora diz, no entanto, que consumir cerveja em excesso não garante o suprimento necessário de vitamina. "O consumo excessivo de álcool causa diversos males ao organismo, inclusive prejudica a absorção de vitaminas, entre elas o próprio folato", diz. "Mas existem estudos que revelam que o baixo consumo de álcool não possui esta capacidade prejudicial."
Fonte: Jornal da tarde - AE
domingo, 28 de março de 2010
Da experiência nasce o conhecimento
Jean Piaget: Nascido na Suíça, em 1896, numa família rica e culta, aos 7 anos já se interessava por estudos científicos. Biólogo de formação, estudou Filosofia e doutorou-se em Ciências Naturais aos 22 anos. Em 1923, lançou A linguagem e o Pensamento na Criança, o primeiro de seus mais de sessenta livros. Faleceu em 1980, na Suíça.
O que ficou: É na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca.
Um alerta: O educador deve respeitar o nível de desenvolvimento das crianças. Não se pode ir além de suas capacidades nem deixá-las agir sozinhas.
A teoria do conhecimento, construída por Jean Piaget, não tem intenção pedagógica. Porém, ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar sua prática. "Piaget mostra que o sujeito humano estabelece desde o nascimento uma relação de interação com o meio", explica Jean-Marie Dolle, professor emérito da Universidade Lumière-Lyon 2, na França, e especialista na obra piagetiana. "É a relação da criança com o mundo físico e social que promove seu desenvolvimento cognitivo", completa o professor Mário Sérgio Vasconcelos, coordenador do curso de pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Assis.
Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos 2 anos, ela evolui do estágio sensório-motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos (como sugar a mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório. "Nessa etapa, a criança se torna capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso, por exemplo, quando brinca de boneca e representa situações vividas em dias anteriores", explica Vasconcelos. Outra progressão se dá por volta dos 7 anos, quando ela passa para o estágio operacional-concreto. Aqui, consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos e, para concluir um raciocínio, leva em consideração as relações entre os objetos. Percebe que 3 — 1 = 2 porque sabe que 2 + 1 = 3. Finalmente, por volta dos 12 anos, chegamos ao estágio operacional-formal. "O adolescente pode pensar em coisas completamente abstratas, sem necessitar da relação direta com o concreto. Ele compreende conceitos como amor ou democracia."
Essas informações, bem utilizadas, ajudam o educador a melhorar sua prática. "Devemos observar os educandos para tornar os conteúdos pedagógicos proporcionais às suas capacidades", recomenda Dolle. Para Vasconcelos, a criança é um pesquisador em potencial. "Levantando hipóteses sobre o mundo, ela constrói e amplia seu conhecimento." Nesse processo, o mestre, tem papel fundamental. Ser construtivista não é deixar o discípulo livre, acreditando que evoluirá sozinho. "O mestre precisa proporcionar um conflito cognitivo para que novos conhecimentos sejam produzidos", endossa Ulisses Araújo, professor do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.
"Uma máxima da teoria piagetiana é que o conhecimento é construído na experiência", afirma Araújo. Isso fica claro quando se estuda a formação da moral na criança, campo a que o pensador suíço se dedicou no início da carreira e no qual Araújo se especializou. "Para Piaget, o que permite a construção da autonomia moral é o estabelecimento da cooperação em vez da coação, e do respeito mútuo no lugar do respeito unilateral", explica Araújo. "Dentro do ambiente de ensino, isso significa democratizar as relações para formar sujeitos autônomos."
Em Salvador, a Escola Municipal Barbosa Romeo tem nessa questão uma das maiores preocupações. De acordo com a coordenadora pedagógica Elisabete Monteiro, além dos educadores trabalharem com projetos, o que elimina a simples transmissão de conhecimento, a equipe usa o respeito mútuo como estratégia para integrar os educandos ao ambiente de ensino. Boa parte da clientela vem do Projeto Axé, que atende crianças em situação de risco e com muita dificuldade na aquisição da leitura e da escrita. "Temos um conselho de ensino forte e os representantes de grupo atuantes. O que vai ser trabalhado no grupo é discutido coletivamente", explica Elisabete.
Fonte: Site Net - Adaptado Flávio.
O que ficou: É na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca.
Um alerta: O educador deve respeitar o nível de desenvolvimento das crianças. Não se pode ir além de suas capacidades nem deixá-las agir sozinhas.
A teoria do conhecimento, construída por Jean Piaget, não tem intenção pedagógica. Porém, ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar sua prática. "Piaget mostra que o sujeito humano estabelece desde o nascimento uma relação de interação com o meio", explica Jean-Marie Dolle, professor emérito da Universidade Lumière-Lyon 2, na França, e especialista na obra piagetiana. "É a relação da criança com o mundo físico e social que promove seu desenvolvimento cognitivo", completa o professor Mário Sérgio Vasconcelos, coordenador do curso de pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Assis.
Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos 2 anos, ela evolui do estágio sensório-motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos (como sugar a mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório. "Nessa etapa, a criança se torna capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso, por exemplo, quando brinca de boneca e representa situações vividas em dias anteriores", explica Vasconcelos. Outra progressão se dá por volta dos 7 anos, quando ela passa para o estágio operacional-concreto. Aqui, consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos e, para concluir um raciocínio, leva em consideração as relações entre os objetos. Percebe que 3 — 1 = 2 porque sabe que 2 + 1 = 3. Finalmente, por volta dos 12 anos, chegamos ao estágio operacional-formal. "O adolescente pode pensar em coisas completamente abstratas, sem necessitar da relação direta com o concreto. Ele compreende conceitos como amor ou democracia."
Essas informações, bem utilizadas, ajudam o educador a melhorar sua prática. "Devemos observar os educandos para tornar os conteúdos pedagógicos proporcionais às suas capacidades", recomenda Dolle. Para Vasconcelos, a criança é um pesquisador em potencial. "Levantando hipóteses sobre o mundo, ela constrói e amplia seu conhecimento." Nesse processo, o mestre, tem papel fundamental. Ser construtivista não é deixar o discípulo livre, acreditando que evoluirá sozinho. "O mestre precisa proporcionar um conflito cognitivo para que novos conhecimentos sejam produzidos", endossa Ulisses Araújo, professor do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.
"Uma máxima da teoria piagetiana é que o conhecimento é construído na experiência", afirma Araújo. Isso fica claro quando se estuda a formação da moral na criança, campo a que o pensador suíço se dedicou no início da carreira e no qual Araújo se especializou. "Para Piaget, o que permite a construção da autonomia moral é o estabelecimento da cooperação em vez da coação, e do respeito mútuo no lugar do respeito unilateral", explica Araújo. "Dentro do ambiente de ensino, isso significa democratizar as relações para formar sujeitos autônomos."
Em Salvador, a Escola Municipal Barbosa Romeo tem nessa questão uma das maiores preocupações. De acordo com a coordenadora pedagógica Elisabete Monteiro, além dos educadores trabalharem com projetos, o que elimina a simples transmissão de conhecimento, a equipe usa o respeito mútuo como estratégia para integrar os educandos ao ambiente de ensino. Boa parte da clientela vem do Projeto Axé, que atende crianças em situação de risco e com muita dificuldade na aquisição da leitura e da escrita. "Temos um conselho de ensino forte e os representantes de grupo atuantes. O que vai ser trabalhado no grupo é discutido coletivamente", explica Elisabete.
Fonte: Site Net - Adaptado Flávio.
sábado, 27 de março de 2010
Papai não é Mamãe - Revista Veja
O pensamento politicamente correto contaminou a paternidade e exige dos homens um desempenho equivalente ao das mulheres no cuidado com os filhos. Mas isso vai contra os fatos da biologia. Todo homem que queira se manter competitivo no mercado das relações amorosas, atualmente, precisa demonstrar que reza pela cartilha do politicamente correto no quesito paternidade. Ou seja, ter disposição (ou pelo menos dizer que tem) para desempenhar toda e qualquer tarefa relacionada ao cuidado com os filhos. Dito assim, soa razoável. Em um mundo em que homens e mulheres trabalham e as famílias foram reduzidas ao núcleo formado por casal e filhos – com o resultado de que avós, tias e primas atuam cada vez menos como "segundas mães" –, é mesmo necessário ter uma participação maior do pai nos serviços domésticos. Já vai longe o tempo em que levantar as pernas para a mulher passar o aspirador era considerado uma grande ajuda. Esquentar a mamadeira, preparar a papinha, trocar a fralda e dar banho no bebê são atividades, entre muitas outras, que um pai pode perfeitamente desempenhar. Mas há excessos na concepção mais difundida de paternidade moderna. O principal deles é equiparar pai e mãe na capacidade de suprir as necessidades físicas e afetivas dos filhos. A influência que o pai pode ter sobre seus rebentos, especialmente quando eles ainda são bebês, é limitada por fatores biológicos. Forçá-lo a agir como se pudesse substituir a mãe pode ter efeitos devastadores. "Muitos homens se sentem emasculados nessa posição porque passam a acreditar que as formas tradicionais de masculinidade, com as quais eles se identificam no íntimo, são negativas", disse a VEJA o psiquiatra inglês Adrian Lord. "A insatisfação nessa troca de papéis pode até afetar o desempenho sexual do casal." O excesso de expectativa – e ansiedade – em relação ao papel paterno pode ser verificado por meio dos resultados obtidos em uma enquete feita com 820 pais no site VEJA.com. Setenta e cinco por cento deles disseram que gostariam de passar mais tempo com os filhos, mas só 20% parecem achar possível realizar esse desejo num curto espaço de tempo (veja o quadro). É óbvio que cada casal tem o seu próprio equilíbrio na divisão das tarefas maternas e paternas. E é claro também que existem homens que se realizam como "pais totais", sem que isso interfira na sua masculinidade (pelo menos, eles não sentem os efeitos mais adversos). Analisados em conjunto, entretanto, os homens estão sendo submetidos a duas forças opostas. De um lado, a pressão das mulheres para que exerçam a paternidade de uma maneira historicamente inédita, em que várias das tarefas maternas lhes são confiadas. De outro, a limitação de ordem natural, que faz com que eles não se sintam totalmente à vontade nas novas funções.
NÃO BASTA SER PAI
O publicitário Rafael Castro, de 30 anos, de Belo Horizonte, divide com a mulher tarefas como dar banho, trocar fraldas, dar mamadeira e fazer Melissa, de 7 meses, dormir. Além disso, ajuda Pedro, de 8 anos, a fazer a lição de casa. "Com isso, sobra pouco tempo para atividades que homens geralmente gostam de fazer, como sair para tomar uma cervejinha com os amigos e jogar futebol", diz Rafael. "No início foi difícil me acostumar porque, enquanto meus amigos e colegas de trabalho saíam, eu tinha que dar uma de babá", diz. Não raro, Rafael fica cuidando das crianças enquanto a esposa vai a alguma festa de casamento ou aniversário de parentes ou amigas. "Tive de me adaptar, até porque é uma condição básica imposta pelos casamentos modernos", resigna-se Rafael.
Ordem natural? O pensamento de extração feminista atribui o desconforto dos homens nos cuidados com os filhos a aspectos culturais originados do machismo patriarcal. Por esse argumento, os pais não conseguem ter a mesma delicadeza, afetuosidade e disponibilidade que as mães simplesmente porque não se despem dos valores que lhes foram inculcados e que continuam a ser reproduzidos nas diferentes esferas da vida social. Não foram educados para cuidar de crianças e não encontram respaldo no ambiente de trabalho para ser pais participativos. Tudo isso é, em parte, verdadeiro. Meninos são ensinados a manter-se longe de bonecas, e é mais fácil para uma mãe do que para um pai convencer o chefe de que precisa sair mais cedo para levar o filho ao médico. Pais como Paulo de Queiroz Silveira, do Rio de Janeiro, que trabalha em casa e pode passar boa parte do dia com as crianças, frequentemente ouvem a pergunta "Onde está a mãe deles?", quando estão com os filhos no shopping ou vão sozinhos às reuniões na escola. Chegamos, então, à "ordem natural". Por mais que as pessoas acreditem na versão politicamente correta da paternidade, o fato é que a maioria estranha quando os homens desempenham tarefas tradicionalmente maternas. Isso é errado? Não. "As regras sociais e culturais não surgem do nada. Elas têm uma origem biológica", diz o psicólogo evolutivo americano David Barash, da Universidade de Washington.
ADEUS, FUTEBOL
Ordem natural? O pensamento de extração feminista atribui o desconforto dos homens nos cuidados com os filhos a aspectos culturais originados do machismo patriarcal. Por esse argumento, os pais não conseguem ter a mesma delicadeza, afetuosidade e disponibilidade que as mães simplesmente porque não se despem dos valores que lhes foram inculcados e que continuam a ser reproduzidos nas diferentes esferas da vida social. Não foram educados para cuidar de crianças e não encontram respaldo no ambiente de trabalho para ser pais participativos. Tudo isso é, em parte, verdadeiro. Meninos são ensinados a manter-se longe de bonecas, e é mais fácil para uma mãe do que para um pai convencer o chefe de que precisa sair mais cedo para levar o filho ao médico. Pais como Paulo de Queiroz Silveira, do Rio de Janeiro, que trabalha em casa e pode passar boa parte do dia com as crianças, frequentemente ouvem a pergunta "Onde está a mãe deles?", quando estão com os filhos no shopping ou vão sozinhos às reuniões na escola. Chegamos, então, à "ordem natural". Por mais que as pessoas acreditem na versão politicamente correta da paternidade, o fato é que a maioria estranha quando os homens desempenham tarefas tradicionalmente maternas. Isso é errado? Não. "As regras sociais e culturais não surgem do nada. Elas têm uma origem biológica", diz o psicólogo evolutivo americano David Barash, da Universidade de Washington.
ADEUS, FUTEBOL
Quando era solteiro, o contador Lucimário Mota, de 34 anos, de Salvador, não abria mão das partidas de futebol com os amigos. Sua então namorada, Rosana Alves Mota, o trancava em casa para que ele não a deixasse só nas manhãs de sábado. Lucimário pulava a janela para ir ao jogo. Há seis meses, no entanto, ele não aparece para disputar uma partida. "Dei um tempo para acompanhar os últimos meses de gravidez da Rosana e agora estou ajudando em casa", diz. Lucimário troca as fraldas da filha, Maria Fernanda, e a leva para tomar banho de sol todas as manhãs. Quando a empregada está de folga, ele cozinha, limpa a casa e cuida da louça. "Até tento convencê-lo a voltar a jogar bola, mas ele não quer", conta Rosana.
Entre as características tipicamente masculinas que, em geral, são deixadas de lado quando se tenta cuidar de uma criança com a mesma dedicação de uma mãe, estão a autonomia, o gosto pela competição e a agressividade. A perda de virilidade experimentada pela maioria dos homens que se põem a realizar trabalhos associados a mulheres tem bases químicas. Experiências de laboratório mostram, por exemplo, que os níveis de testosterona no organismo caem quando o homem segura uma boneca nos braços. O efeito é o mesmo de quando o marmanjo embala um bebê de verdade. O hormônio masculino por excelência é aquele que, entre outras coisas, proporcionava aos machos humanos, nos tempos das cavernas, o ímpeto de caçar, acasalar-se – e dar uma bordoada na cabeça do inimigo.
Faz sentido, portanto, que a evolução tenha moldado o organismo do homem de forma tal a diminuir os níveis de testosterona na presença de crianças – não só as suas, como as de outros. Do contrário, eles representariam sempre um perigo para aqueles serzinhos adoráveis – e gritadores, e chorões, e... irritantes. Um estudo feito por antropólogos da Universidade Harvard indica que os níveis do hormônio em homens casados são, em média, mais baixos do que em solteiros. E, entre os casados que passavam todo o tempo livre com a mulher e os filhos, sem dar chance à cerveja com os amigos, a quantidade era ainda menor. A descoberta reforça a tese de que o natural para um homem é ser provedor e protetor – não um trocador de fraldas.
O psicólogo David Barash explica que o envolvimento do pai com os filhos é proporcional ao grau de certeza que o macho tem de que a prole carrega seus genes. É o contrário do que ocorre com as mulheres. A não ser nas novelas de televisão, elas jamais têm dúvida de que deram à luz aquele filho. "Em termos evolutivos, esse fato serviu para estreitar ainda mais a ligação entre mães e sua descendência", diz Barash. "Prova disso é que não há uma única sociedade em que os homens se dedicam a cuidar mais das crianças do que as mulheres." Tal especificidade também esclarece por que a natureza reservou às mulheres, e não aos homens, a capacidade de produzir leite. Se fosse o contrário, os homens poderiam ver-se na situação de amamentar os filhos dos outros (ou de recusar-se a fazê-lo caso descobrissem o engodo). Só o sexo que investiu nove meses na gestação e não questiona se o rebento é seu poderia ter uma função tão essencial quanto a de alimentá-lo nos primeiros anos de vida – garantindo, desse modo, a continuidade da espécie. O trato com as crianças, segundo a ordem natural, também diferenciou homens e mulheres quanto a outros aspectos. Centenas de milhares de anos acalentando e dando atenção a indivíduos que não se expressam verbalmente – os bebês – conferiram a elas capacidades cognitivas superiores às dos homens. Daí a vantagem feminina na compreensão da linguagem corporal. Já o homem, menos preso a laços afetivos familiares, se tornou mais apto para tecer alianças externas. Por esse motivo, os pais têm mais medo do que as mães de ver sua vida social reduzida com a chegada de um filho.
OBRIGAÇÃO E PRAZER
Entre as características tipicamente masculinas que, em geral, são deixadas de lado quando se tenta cuidar de uma criança com a mesma dedicação de uma mãe, estão a autonomia, o gosto pela competição e a agressividade. A perda de virilidade experimentada pela maioria dos homens que se põem a realizar trabalhos associados a mulheres tem bases químicas. Experiências de laboratório mostram, por exemplo, que os níveis de testosterona no organismo caem quando o homem segura uma boneca nos braços. O efeito é o mesmo de quando o marmanjo embala um bebê de verdade. O hormônio masculino por excelência é aquele que, entre outras coisas, proporcionava aos machos humanos, nos tempos das cavernas, o ímpeto de caçar, acasalar-se – e dar uma bordoada na cabeça do inimigo.
Faz sentido, portanto, que a evolução tenha moldado o organismo do homem de forma tal a diminuir os níveis de testosterona na presença de crianças – não só as suas, como as de outros. Do contrário, eles representariam sempre um perigo para aqueles serzinhos adoráveis – e gritadores, e chorões, e... irritantes. Um estudo feito por antropólogos da Universidade Harvard indica que os níveis do hormônio em homens casados são, em média, mais baixos do que em solteiros. E, entre os casados que passavam todo o tempo livre com a mulher e os filhos, sem dar chance à cerveja com os amigos, a quantidade era ainda menor. A descoberta reforça a tese de que o natural para um homem é ser provedor e protetor – não um trocador de fraldas.
O psicólogo David Barash explica que o envolvimento do pai com os filhos é proporcional ao grau de certeza que o macho tem de que a prole carrega seus genes. É o contrário do que ocorre com as mulheres. A não ser nas novelas de televisão, elas jamais têm dúvida de que deram à luz aquele filho. "Em termos evolutivos, esse fato serviu para estreitar ainda mais a ligação entre mães e sua descendência", diz Barash. "Prova disso é que não há uma única sociedade em que os homens se dedicam a cuidar mais das crianças do que as mulheres." Tal especificidade também esclarece por que a natureza reservou às mulheres, e não aos homens, a capacidade de produzir leite. Se fosse o contrário, os homens poderiam ver-se na situação de amamentar os filhos dos outros (ou de recusar-se a fazê-lo caso descobrissem o engodo). Só o sexo que investiu nove meses na gestação e não questiona se o rebento é seu poderia ter uma função tão essencial quanto a de alimentá-lo nos primeiros anos de vida – garantindo, desse modo, a continuidade da espécie. O trato com as crianças, segundo a ordem natural, também diferenciou homens e mulheres quanto a outros aspectos. Centenas de milhares de anos acalentando e dando atenção a indivíduos que não se expressam verbalmente – os bebês – conferiram a elas capacidades cognitivas superiores às dos homens. Daí a vantagem feminina na compreensão da linguagem corporal. Já o homem, menos preso a laços afetivos familiares, se tornou mais apto para tecer alianças externas. Por esse motivo, os pais têm mais medo do que as mães de ver sua vida social reduzida com a chegada de um filho.
OBRIGAÇÃO E PRAZER
Para o gerente de computação Celso Boniglia, de 44 anos, de São Paulo, a adaptação às novas exigências da paternidade não aconteceu com naturalidade. Foi preciso insistência da mulher e muito esforço próprio. "Cuidar das crianças, para mim, é um misto de obrigação e prazer", diz Celso, pai de Vinícius, de 11 anos, e Felipe, de 7. Além de cobrar ajuda, a mulher quer o marido sempre por perto. Quando Vinícius era pequeno, ambos acordavam no meio da noite para a amamentação. Depois, Celso foi liberado dessa exigência
Evidentemente, não se trata de propor que os pais modernos voltem a se comportar como na idade da pedra. "O que não se pode é exigir que eles assumam o papel das mães", diz o psicólogo americano Aaron Rochlen, da Universidade do Texas, autor de um estudo sobre homens que se tornaram donos de casa. Uma maneira de incorrer nesse erro é esperar que o pai tenha sobre a criança a mesma influência afetiva e psicológica que a mãe. A ideia de que ele pode ter esse papel costuma ser difundida de modo inconsequente desde os cursos de gestantes para casais. O austríaco Sigmund Freud, o pai da psicanálise, considerava que no início de sua vida a criança percebe a mãe como um ser todo-poderoso, numa relação que não dá espaço para mais ninguém. Apenas depois de alguns meses do nascimento, o bebê consegue identificar a existência de um terceiro indivíduo – o pai – que disputa sua atenção com a mãe. No papel de "o outro", é o pai quem estabelece o vínculo da criança com o mundo externo e lhe permite ganhar independência da mãe. O pai é essencial na formação sexual da filha, por revelar a diferença, e do filho, por confirmá-la. Pais obrigados a agir como mães podem desequilibrar essa equação.
PAPAI TOTAL
PAPAI TOTAL
O consultor de marketing Paulo de Queiroz Silveira, de 55 anos, do Rio de Janeiro, trabalha em casa e por isso é ele quem mais convive com Maria, de 17 anos, e João, de 15, desde que eles eram bebês. Isso lhe deu uma habilidade com crianças que causa estranheza em algumas pessoas. Certa vez, ele se ofereceu para ajudar uma mãe cujo bebê não parava de chorar. Paulo pegou a criança no colo e a acalmou. "A mulher me perguntou: ‘Tem certeza de que você é homem?’"
Os homens não são fisicamente adaptados para cuidar dos filhos com a mesma desenvoltura que as mulheres, mas estão sendo cobrados insistentemente para sê-lo, como se isso fosse... natural, volte-se a dizer (esta reportagem, aliás, deverá causar grande indignação entre as feministas). Como nem sempre conseguem atender à exigência, são criticados ou tratados com condescendência. O resultado é frustração: o homem ingressa na paternidade disposto a ser participativo, mas se sente um inútil quando não dá conta do recado. "Quando vai dar banho em nossa filha recém-nascida, meu marido a deixa escorregar. Por isso, eu fico sempre por perto, só vendo no que vai dar", diz a professora mineira Cláudia Santos, de 36 anos, mulher do publicitário Rafael Castro. Pois é. "As mulheres lutaram para conquistar seu espaço no mercado de trabalho e agora batalham para que os homens dividam as tarefas domésticas e o dia a dia com os filhos. A contradição é que elas parecem querer a ajuda de um clone de si próprias, não de um marido que faz as coisas dentro de suas limitações", diz a terapeuta de casais Magdalena Ramos, de São Paulo. "Não é de estranhar que eles se sintam falhos."
As mulheres batalharam para ter liberdade e igualdade. Mas, quanto à fraternidade com os homens, convenhamos... Não exija tanto do paizão, mamãe.
domingo, 21 de março de 2010
Sexualidade na infância
A reação da grande maioria dos adultos depois que seu filho faz perguntas do tipo "Como eu nasci?" ou "Como o meu irmãozinho foi parar dentro da sua barriga?" e mesmo quando "flagramos" a criança brincando com os seus órgãos genitais é de surpresa e, em alguns casos, de constrangimento.
Os valores culturais e morais, ainda que diferentes e mais abertos do que anos atrás, ainda nos remetem infância à pureza e inocência. Crianças são puras e inocentes no sentido de que quando brincam de médico ou tocam suas partes íntimas não tem idéia de libido e sexo como os adultos, apenas estão se descobrindo e sentindo prazer no que fazem. São os adultos que erotizam as atitudes da criança, dando um sentido distorcido, proibido e, por vezes, sujo. Essa não é a melhor maneira de lidar com a sexualidade infantil. E para lembrar, sexualidade não é sexo.
Os valores culturais e morais, ainda que diferentes e mais abertos do que anos atrás, ainda nos remetem infância à pureza e inocência. Crianças são puras e inocentes no sentido de que quando brincam de médico ou tocam suas partes íntimas não tem idéia de libido e sexo como os adultos, apenas estão se descobrindo e sentindo prazer no que fazem. São os adultos que erotizam as atitudes da criança, dando um sentido distorcido, proibido e, por vezes, sujo. Essa não é a melhor maneira de lidar com a sexualidade infantil. E para lembrar, sexualidade não é sexo.
A criança desde que nasce está desenvolvendo a sexualidade. Começa pelo desejo e prazer de se alimentar, de descobrir os pezinhos e as mãos e levar tudo à boca. Quando começa a se distinguir do outro, descobre as diferenças entre homens e mulheres e meninos e meninas, brincando até com os órgãos sexuais do coleguinha. Tudo naturalmente, dependendo da atitude dos pais diante dessas descobertas. Caso os pais vejam a criança acariciando seu órgão genital na frente de outras pessoas, ao invés da bronca, diga para seu filho que isso é um ato íntimo e não pode ser feito na frente de outras pessoas ou simplesmente chame-o para brincar de outra coisa.
Como agir - Se for brincadeira com outro coleguinha da mesma idade, deixe passar e converse sobre o assunto depois ou peça para que eles parem a brincadeira, pois o papai ou a mamãe precisam de ajuda, sem soar como recriminação. Brincadeiras com crianças da mesma idade não há perigo, o problema haverá quando uma criança for muito mais velha que a outra, dando outro sentido à brincadeira. Já uma masturbação excessiva é significativa de alguma alteração emocional. Procure um profissional para melhor avaliação e orientação tanto para a criança quanto família.
Agora, diante de perguntas que peguem papai e mamãe de "calças curtas", o ideal é responder até onde a curiosidade da criança alcança. Informações de menos levam a criança satisfazer a curiosidade em lugares muitas vezes inadequados. Informações de mais, como uma aula completa sobre como o irmãozinho foi parar dentro da barriga da mamãe podem fazer confusão na cabecinha da criança ou mesmo super estimular seu filho. Para começar a responder qualquer pergunta do seu filho, responda com outra pergunta para saber até onde a curiosidade chega. Por exemplo: se a pergunta for como os bebês vão parar dentro da barriga, pergunte a ele como ele acha que os bebês chegam nela. E então comece a sua explicação. Já as mentiras contadas pelos pais farão com que as crianças não confiem mais na relação e a conversa sobre sexualidade seja um canal fechado, tendo como conseqüência mais tarde uma gravidez indesejada ou mesmo vergonha de falar sobre um abuso sexual.
Abuso sexual é outro motivo para que se fale sobre sexualidade desde pequeninos. Já se pode explicar para crianças de até três anos sobre as partes do corpo e que adultos não podem acariciar certas partes. Mesmo orientar brincadeiras com crianças da mesma idade e não com crianças mais velhas. Tudo o que é passado para as crianças com transparência e naturalidade, sem preconceitos e mentiras, é desenvolvido da melhor maneira sem traumas ou conseqüências.
Dicas
Se a criança pedir para tocar sua parte íntima deixe, se ficar à vontade. Se não, explique que não gosta e por isso não quer ser tocado. Essa é uma boa hora de explicar para a criança sobre carícias de outros adultos e crianças.
Não precisa contar toda a verdade para a criança, mas tudo o que você contar tem que ser verdade.
Livros educativos são muito úteis para ajudar papai e mamãe nessa hora.
Abuso sexual é outro motivo para que se fale sobre sexualidade desde pequeninos. Já se pode explicar para crianças de até três anos sobre as partes do corpo e que adultos não podem acariciar certas partes. Mesmo orientar brincadeiras com crianças da mesma idade e não com crianças mais velhas. Tudo o que é passado para as crianças com transparência e naturalidade, sem preconceitos e mentiras, é desenvolvido da melhor maneira sem traumas ou conseqüências.
Dicas
Se a criança pedir para tocar sua parte íntima deixe, se ficar à vontade. Se não, explique que não gosta e por isso não quer ser tocado. Essa é uma boa hora de explicar para a criança sobre carícias de outros adultos e crianças.
Não precisa contar toda a verdade para a criança, mas tudo o que você contar tem que ser verdade.
Livros educativos são muito úteis para ajudar papai e mamãe nessa hora.
Fonte: guia do bebê Uol
sábado, 20 de março de 2010
Competências e Catequese
Tudo o que você precisa conhecer sobre o assunto mais falado no mundo da educação. Esse novo jeito de ensinar, usado por educadores, em muito pode ajudar na Catequese com seu grupo de catequizandos.
Lembre-se dos últimos encontros catequéticos que você deu: reuniu o grupo, falou, explicou, deu exemplos, celebrou e se desdobrou para que a turma entendesse o tema. Alguns até levantaram a mão para fazer uma ou outra pergunta, mas, no geral, todos ficaram quietos, "prestando atenção".
Será que eles estavam realmente interessados? Depende. É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir. Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países.
O objetivo dessa abordagem é ensinar aos catequistas o que eles precisam aprender para ensinar seus catequizandos a serem cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros. Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria das catequeses ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na turma, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las. Não há uma receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode-se começar entendendo como ela surgiu.
Até a conferência de 1990 em Jomtien, na Tailândia — onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos —, os processos educativos estavam calcados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial. Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar à exaustão. Naquele encontro, concluiu-se que havia necessidade de mudanças estruturais. Ficou claro que reformar a educação era uma prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma educação para todos. Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma.
Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é que esse contexto não existe mais. A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo. Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão.
A catequese agora tem também o papel de ser espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de Deus. Mas, afinal, o que são essas competências? E como desenvolvê-las? O dicionário Aurélio define essa palavra como "qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos". Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos.
Sim, agora são todos esses os objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico. Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço especialista em práticas pedagógicas, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos — como saberes, habilidades e informações — para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Ele cita dois exemplos:
Será que eles estavam realmente interessados? Depende. É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir. Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países.
O objetivo dessa abordagem é ensinar aos catequistas o que eles precisam aprender para ensinar seus catequizandos a serem cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros. Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria das catequeses ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na turma, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las. Não há uma receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode-se começar entendendo como ela surgiu.
Até a conferência de 1990 em Jomtien, na Tailândia — onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos —, os processos educativos estavam calcados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial. Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar à exaustão. Naquele encontro, concluiu-se que havia necessidade de mudanças estruturais. Ficou claro que reformar a educação era uma prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma educação para todos. Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma.
Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é que esse contexto não existe mais. A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo. Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão.
A catequese agora tem também o papel de ser espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de Deus. Mas, afinal, o que são essas competências? E como desenvolvê-las? O dicionário Aurélio define essa palavra como "qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos". Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos.
Sim, agora são todos esses os objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico. Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço especialista em práticas pedagógicas, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos — como saberes, habilidades e informações — para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Ele cita dois exemplos:
1) Decidir seu caminho em uma cidade desconhecida requer as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações. E também diversos saberes, como ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.
2) Saber votar conforme seus interesses mobilizam as capacidades de se informar e preencher a cédula, bem como os seguintes saberes: conhecimento de instituições políticas, do processo de eleição, de candidatos, de partidos, dos programas de governo, das idéias democráticas etc.
Esses são exemplos simples. Outras necessidades estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. "Os seres humanos não vivem todos, as mesmas situações e as competências devem estar adaptadas a seu mundo", teoriza Perrenoud. "Viver na selva das cidades exige dominar algumas delas; na floresta virgem, outras. Da mesma forma, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver." Como se pode ver, as definições são complexas, muitas vezes imprecisas. Diante desse quadro, a primeira dúvida que surge diz respeito aos conteúdos. Eles deixam de existir? Não.
Ninguém aprende nada desvinculado do conhecimento teórico. Trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama de ensino contextualizado. Uma coisa é você explicar no grupo um tema. Outra é comparar e testemunhar a vida com este tema. Ocorre que o tempo é um parceiro cruel, todos vão argumentar. Com certeza. Um tema não se esgota em um encontro. É nessa escolha que entra o conceito de situações-problema, nas quais o conteúdo é apenas um dos elementos a ser levados em conta na hora de abordar qualquer conteúdo. A motivação é criada a partir da geração de conflitos.
Resolver um desafio estimula a turma. É mais importante que o catequizando saiba lidar com a informação do que simplesmente retê-la. Depois de lançada uma tarefa em que todos se envolvam, até uma catequese expositiva pode ter lugar. Nesse caso, ela estará inserida na resolução de um problema concreto e a teoria ganhará uma finalidade aplicável. Trabalhar assim significa o fim do conteúdo pelo conteúdo. Se o objetivo é estudar uma situação real, do cotidiano, então o conhecimento também não pode estar separado. Se todos os saberes devem se unir para atender às necessidades do catequizando, então os catequistas das diversas idades também precisam sentar juntos para definir os temas? Sim.
Sem planejamento ninguém vai a lugar nenhum, o primeiro passo é repensar o projeto pedagógico, com o plano e a ação da catequese voltados verdadeiramente para a formação de indivíduos independentes e críticos. Sem perder de vista as necessidades do meio em que o catequizando vive. E isso ainda não é tudo. De nada adianta trabalhar dessa maneira se a avaliação não muda. Mas, como avaliar competências? A observação é a melhor forma de saber se houve ou não o aprendizado. Ela precisa ser feita a todo momento, com o catequista prestando atenção ao que cada catequizando está fazendo, como reage aos estímulos, o que atrai seu interesse. Do contrário, o catequista não vai ajudá-lo a superar suas dificuldades. Mais uma vez, Perrenoud mostra um caminho para uma avaliação eficiente:
Ninguém aprende nada desvinculado do conhecimento teórico. Trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama de ensino contextualizado. Uma coisa é você explicar no grupo um tema. Outra é comparar e testemunhar a vida com este tema. Ocorre que o tempo é um parceiro cruel, todos vão argumentar. Com certeza. Um tema não se esgota em um encontro. É nessa escolha que entra o conceito de situações-problema, nas quais o conteúdo é apenas um dos elementos a ser levados em conta na hora de abordar qualquer conteúdo. A motivação é criada a partir da geração de conflitos.
Resolver um desafio estimula a turma. É mais importante que o catequizando saiba lidar com a informação do que simplesmente retê-la. Depois de lançada uma tarefa em que todos se envolvam, até uma catequese expositiva pode ter lugar. Nesse caso, ela estará inserida na resolução de um problema concreto e a teoria ganhará uma finalidade aplicável. Trabalhar assim significa o fim do conteúdo pelo conteúdo. Se o objetivo é estudar uma situação real, do cotidiano, então o conhecimento também não pode estar separado. Se todos os saberes devem se unir para atender às necessidades do catequizando, então os catequistas das diversas idades também precisam sentar juntos para definir os temas? Sim.
Sem planejamento ninguém vai a lugar nenhum, o primeiro passo é repensar o projeto pedagógico, com o plano e a ação da catequese voltados verdadeiramente para a formação de indivíduos independentes e críticos. Sem perder de vista as necessidades do meio em que o catequizando vive. E isso ainda não é tudo. De nada adianta trabalhar dessa maneira se a avaliação não muda. Mas, como avaliar competências? A observação é a melhor forma de saber se houve ou não o aprendizado. Ela precisa ser feita a todo momento, com o catequista prestando atenção ao que cada catequizando está fazendo, como reage aos estímulos, o que atrai seu interesse. Do contrário, o catequista não vai ajudá-lo a superar suas dificuldades. Mais uma vez, Perrenoud mostra um caminho para uma avaliação eficiente:
1) As atividades e suas exigências precisam ser conhecidas antes de iniciá-la.
2) Deve-se incluir apenas atividades contextualizadas.
3) Não pode haver nenhum constrangimento de tempo fixo.
4) É necessário exigir uma certa forma de colaboração entre os pares.
5) O educador tem de levar em consideração as estratégias cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos educandos.
6) Ela deve contribuir para que os educandos desenvolvam ainda mais suas capacidades.
7) A correção precisa levar em conta apenas os erros de fundo na ótica da construção de competências.
Ou seja, o trabalho torna-se mais sensível do que técnico. Trazendo para a catequese, temos que o final de cada etapa, passa a ser resultado de muitos fatores, não apenas de uma "provinha". É o progresso e a evolução do catequizando ao longo da caminhada na fé e vida da comunidade. Ficou assustado com o tamanho do desafio? Todos sabem que, na prática, as mudanças ainda vão consumir muito tempo até serem bem assimiladas. Até lá, continuarão existindo as boas e as más maneiras de catequizar. Mas que ninguém duvide: esse novo jeito de educar, que dá oportunidade a todos de aprender, será "a" referência em educação e, mais cedo ou mais tarde, servirá para diferenciar os melhores catequistas e as comunidades que merecem destaque. Por um motivo simples, quem não se atualizar vai formar pessoas fora do seu tempo.
Adaptado Flávio - Revista Nova Escola
Ensinar bem é saber elogiar
A qualidade do elogio não está nas palavras, mas na maneira como ele é feito. E isso na catequese pode ter sérias conseqüências. Elogios de mais ou de menos podem ser igualmente prejudiciais para o catequizando. O discurso de admiração pode ser dividido em duas categorias: o valorativo e o descritivo. O valorativo tem um caráter destrutivo, independentemente de conter uma crítica positiva ou negativa. A frase "você é muito inteligente" é um exemplo. Nela está contido um juízo de valor. Esse tipo de exaltação gera dependência. A criança passa a fazer as coisas com o objetivo de receber a aprovação das pessoas e vai perdendo a capacidade de se auto-avaliar. Imagine que na catequese, um catequizando muda uma mesa de lugar. Se em vez de afirmar "Você é muito forte" você disser "Obrigado, eu não conseguiria carregar isso sozinha", o julgamento sobre ser forte ou não fica a cargo dele. O catequizando que tem sempre suas ações enaltecidas de forma valorativa pode ficar com receio de desapontar os outros. "É uma carga muito grande ser inteligente ou bem-comportado durante o tempo todo". Já o elogio descritivo é benéfico e contribui para que o catequizando adquira consciência da sua própria evolução. Expressões como "Parabéns. Seu texto está muito bem redigido. Você conseguiu captar bem o tema proposto", podem ser ditas em particular ou de maneira que todos ouçam, pois a turma toda aprende com os erros e acertos de um colega. "Ser descritivo dá trabalho para o catequista". É mais fácil escrever palavras como "lindo" ou "parabéns" do que indicar os pontos fortes presentes em uma atividade. Se a turma for numerosa, você pode fazer essas intervenções em alguns trabalhos apenas. Por meio de um revezamento, ao final de determinado período todos os catequizandos terão suas atividades avaliadas. Para quem não está acostumado a atuar assim, faça de conta que está descrevendo o tema para alguém que não leu ou o desenho ou projeto para alguém que não viu.
Três razões para elogiar:
1) Por iniciativa: as boas idéias têm de ser valorizadas mesmo que o produto final seja ruim. Em nossas catequeses esse tipo de elogio não é comum.
2) Por esforço: o empenho do catequizando precisa ser sempre reconhecido, caso contrário ele poderá se sentir desestimulado no futuro.
3) Por resultado: há catequizandos que aprendem com mais facilidade que os outros. Fiquem atentos para não valorizar somente os bons resultados, já que todos precisam de elogios.
Fonte: adaptado Flávio.
Três razões para elogiar:
1) Por iniciativa: as boas idéias têm de ser valorizadas mesmo que o produto final seja ruim. Em nossas catequeses esse tipo de elogio não é comum.
2) Por esforço: o empenho do catequizando precisa ser sempre reconhecido, caso contrário ele poderá se sentir desestimulado no futuro.
3) Por resultado: há catequizandos que aprendem com mais facilidade que os outros. Fiquem atentos para não valorizar somente os bons resultados, já que todos precisam de elogios.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Mães Terceirizadas
Outro dia minha mãe estava me explicando o que é terceirização. Ela disse que a empresa escolhe contratar outra empresa, em vez de ter seus empregados. Ela explicou que tem empresa que terceiriza o transporte, os atendentes, os faxineiros. Eu entendi. E pensei que em casa também tem trabalho terceirizado. Tem faxineira que vem limpar a casa e tem um moço que vem cortar a grama do jardim. E eu fiquei pensando, pensando. E descobri uma coisa que acho que pouca gente descobriu. Eu descobri que a minha mãe é terceirizada. É sim. Você quer ver? Quem me traz da escola? O motorista da perua. Quem me dá comida quando eu chego? A empregada. Quem cuida de mim quando eu estou doente? A minha avó. Está vendo? Não estou certa? Mas, de verdade, eu não queria que a minha mãe fosse terceirizada. E vou tentar explicar por quê. A gente fica dentro da barriga da mãe nove meses. Neste tempo é só a gente e a mãe. Depois nasce, mas não se separa de vez, porque a gente mama, fica no colo. Só depois de um ano é que começa a andar. Deus, pensando no nenê, fez com que ele fosse se separando devagar, devagarzinho. Mas não foi o que aconteceu comigo. Quando eu era bem pequenininha, minha mãe trabalhava fora. Tinha dia que ela saía e eu ainda não tinha acordado, e tinha dia que ela chegava e eu já estava dormindo. Então ela teve de me colocar no berçário. Eu passava mais tempo com a moça lá da escola do que com ela. Depois de um tempo eu chorava quando saía do colo da moça, e minha mãe ficava chateada com isso. Coitada! Eu queria minha mãe e ela me queria, mas ela não podia ficar. E aí ela se sentia culpada e até trazia presentes para mim. Aí eu pensei. Ah! se a gente fosse bem rico e não precisasse trabalhar... Mas fiquei sabendo que gente rica também sofre do mesmo mal. A mãe não precisa trabalhar para ganhar dinheiro, mas vive cheia de compromisso, e quem cuida do filho é a babá e o motorista. Aí eu pensei: bom era o tempo da minha avó que nunca trabalhou fora. Devia ser uma delícia ter mãe o dia inteiro. Mas minha mãe disse que a vovó não ficava o tempo todo com ela porque tinha de cuidar da casa, cozinhar, passar roupa, e o pior, que nunca brincou com ela. Então também antigamente não era sempre bom. Minha mãe leu no jornal que uma diretora de empresa, uma mulher muito importante, teve filhos gêmeos, mas não parou nem para dar de mamar. Logo depois de ter os nenéns ela já estava de volta na empresa. E mais: disse que ficava com os filhos meia hora todo dia pela manhã. Ainda bem que a minha mãe fica comigo as horas que ela está em casa. Eu gosto mesmo quando ela está em casa, mas não no telefone. Como ela fala no telefone! Gosto quando ela me pergunta como foi a minha aula, o que eu descobri, o que eu aprendi ou o que eu inventei naquele dia. Gosto quando ela lê histórias e me ensina coisas. E eu aprendo rápido. Já sei falar todo o Pai-nosso que ela me ensinou um pedacinho cada noite. Nossa! Pensando bem, a minha mãe passa poucas horas comigo, mas não é uma mãe terceirizada. Eu sou muito importante para ela e, mesmo quando ela chega cansada, tem vontade de saber de mim. Ela me dá orientação. Ela me dá atenção e quer saber do meu dia e dos meus sonhos. Que bom! Tem pai e mãe reclamando que os filhos adolescentes não ligam pra eles. Eu acho que isso acontece porque, quando eram pequenos, os pais não ficaram com eles o tempo que as crianças precisavam. Talvez ele tenham sido pais terceirizados. Não. Não pense que eu quero que todas as mulheres do mundo sejam só mães. Durante muito tempo foi assim e o mundo não era melhor. Eu gosto que minha mãe trabalhe. E quero que continue. Ela precisa ter a vida dela. Ela gosta do que faz. Fica feliz quando consegue fazer boas coisas no trabalho. E aí eu fico feliz por ela estar feliz. Mas eu estou escrevendo tudo isso para lembrar a algumas mulheres que ser mãe não é só ter um filho, é cuidar dele. Mãe não precisa ficar junto o dia todo, mas precisa perguntar e ouvir as descobertas que o filho faz, precisa estar junto quando a gente está bem alegre com as coisas que inventa, e também precisa estar bem perto quando a gente sente medo ou tristeza. Precisa contar histórias, precisa brincar com a gente. Não precisa dar presente, precisa estar presente quando está por perto e mesmo de longe pode, de vez em quando, telefonar. Quando a gente é pequeno precisa tanto de mãe!
Fonte: Ilídia de Castro
Educação na infância: erros mais comuns...
Qual papai ou mamãe nunca parou diante de seu filho e já se perguntou: "Onde foi que eu errei?". Malcriações, birras e manipulações de crianças são atitudes que normalmente levam os pais a fazerem tal pergunta. Não se desespere, afinal educar não é fácil. Mas também não é um bicho papão. Aprendemos com os erros e quanto mais cedo a falha for identificada, mais fácil de se evitar conflitos entre pais e filhos.
Existem alguns erros na hora de educar os filhos que parecem bobos, mas que se reforçados e repetidos são capazes de prejudicar o desenvolvimento da criança, mesmo que a intenção dos pais seja a melhor.
Começando pela alimentação que é uma das principais queixas dos pais. "Meu filho não come", "Tenho que ficar correndo atrás do meu filho para que ele coma" são frases bastante ouvidas pelos pais. Para evitar esse aborrecimento atitudes simples podem ser realizadas desde cedo. Nada de aviãozinho, televisão ou barganha para que a criança coma. A criança deve entender que sem a comida poderá ficar fraca, com fome e até doente. Qualquer atitude que faça com que a criança coma sem prestar atenção na comida é ruim. A alimentação deve ser colorida, diversificada e balanceada para a criança não enjoar e aprender a comer de tudo e assim evitar qualquer distúrbio alimentar, como obesidade, bulimia ou anorexia.
Mimar demais a criança não é bom - Outro velho excesso praticado pelos pais: fazer tudo pela criança, mesmo tarefas que já pode realizar sozinha, superprotegendo o filho, é prejudicial ao desenvolvimento social. Normalmente essas crianças crescem se achando o centro do mundo, mandando e desmandando em tudo e exigindo até o que deve ser feito no jantar. Não conseguem se adaptar na escola, sentem-se inseguros e tornam-se inseguros e irresponsáveis justamente porque nesse lugar ele será apenas mais um, e não o dono do pedaço. Saiba dizer "não" e dê bronca quando realmente for preciso.
Outro erro comum é negar a dor da criança. Quando a criança rala o joelho numa brincadeira a mamãe com toda boa intenção do mundo tenta amenizar a dor dizendo: "Não foi nada, já passou". Fazendo assim, a criança acha que os pais não se sensibilizam a sua dor e tendem a procurar uma outra pessoa, deixando uma mágoa. Ou então, se for excessiva essa atitude dos pais a criança fica insegura aos seus sentimentos não entendendo se sente dor, raiva ou medo já que seus pais dizem que não é nada. Quando os pais chamam a quina da estante de boba quando a criança bate com a cabeça é tirar da criança a responsabilidade de cuidados consigo mesma e colocar a culpa no objeto. Isso pode colocar a vida da criança em risco em situações mais graves. Quando ocorrer novamente o incidente, converse sobre a importância de se evitar acidentes e dos cuidados que a própria criança deve ter. Deixar o filho ganhar constantemente um jogo só para não vê-lo frustrado com a perda já que não tem a mesma capacidade que a sua faz com que a criança aprenda que a vida é só ganhar. O jogo faz com que a criança espere a sua vez, aceite regras e limites impostas, aprenda a negociar e aceite que a vida é feita de ganhos e perdas.
E a máxima da educação é o exemplo. A criança aprende com exemplos de quem ela confia que são os pais. Se os pais não têm boas maneiras, não pedem, por favor, não dizem obrigado ou bom dia, comem assistindo televisão ou brigam muito passam esses valores para a criança e é isso que irá fazer. Os filhos são o espelho dos pais.
Dicas
Não critique ou elogie demais o seu filho. Tanto um como o outro é prejudicial. O bom senso é a melhor medida.
Não se culpe pelo erro, filho não vem com manual de instruções. Só não insista no erro já detectado.
Na dúvida, procure sempre um especialista para te orientar.
Fonte: Bruno Rodrigues - Adaptado Flávio.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Banda Larga - Justiça acolhe pedido do Idec
Justiça Federal acolhe o pedido do Idec e dá continuidade à ação movida pelo instituto, que inclui empresas de telefonia. O Tribunal Regional Federal (TRF) deferiu hoje(11/mar), em caráter preliminar, o recurso do Idec contra a decisão da 6ª Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo, que excluía a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) da Ação Civil Pública (ACP) sobre a oferta da velocidade de banda larga conforme a oferta, ajuizada pelo Instituto. O Desembargador Lazarano Neto definiu que a Anatel deve permanecer até o julgamento final do recurso como ré na ação, que também envolve a Telefônica, Net São Paulo, Brasil Telecom e Oi.
A decisão também permite o andamento da ação pela Justiça Federal em primeira instância, como proposto pelo Idec. Agora, o Instituto aguarda a decisão sobre o pedido de liminar, que define como medidas emergenciais o veto à publicidade enganosa e a possibilidade de rescisão de contrato, sem multa, por parte do consumidor em caso de má prestação de serviço.
A ação
Em 15 de janeiro o Idec ajuizou a ACP contra as empresas e a Anatel para fazer cumprir o direito à informação, um dos pilares do CDC, já que o que vinha ocorrendo era a divulgação massiva de propagandas enganosas sobre a qualidade e a eficiência dos serviços de banda larga.
Um teste feito pelo Idec em parceria com o Comitê Gestor da Internet (CGI) em 2008 constatou que as empresas não entregam a velocidade prometida. No caso da Net, por exemplo, em vários horários a capacidade de transmissão de dados não passou de 40% do que foi contratado.
Para piorar, todas as operadoras expressam em seus contratos que "fatores externos" podem influenciar na velocidade de conexão, numa clara tentativa de se eximir da responsabilidade pela qualidade do serviço. No entanto, a prática é absolutamente ilegal, segundo o artigo 51 do CDC, que declara nulas as cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor pela qualidade do serviço.
Além do teste, uma enquete realizada no site do Idec em dezembro do ano passado revelou que 85% dos usuários acham que a velocidade da sua internet não corresponde ao que foi contratado.
Como aponta Maíra Feltrin, a velocidade é o principal chamariz da venda do serviço de banda larga em uma publicidade. "A expectativa legítima do consumidor no momento da contratação é obter o acesso à internet da forma como foi anunciado", destaca. "Qualquer alteração nessas condições será causa de frustração e, portanto, de violação do princípio de boa-fé objetiva. Além de caracterizar publicidade abusiva e prática contratual ilícita", completa a advogada.
Por isso, o Idec requer que as empresas garantam a velocidade de banda larga anunciada em publicidade, no contrato ou em qualquer outro tipo de oferta. A ação pede ainda que o consumidor pague proporcionalmente à velocidade entregue de fato, e que seja garantida a possibilidade de rescisão contratual sem multa em caso de descumprimento da oferta ou má prestação do serviço.
domingo, 14 de março de 2010
Brinquedo de menino ou menina
Não existe brinquedo de menino ou menina.
Se a sua filhota já pediu um carrinho de presente ou se você já flagrou o seu filho brincando com a boneca da irmã, não se assuste! É normal que os pequenos queiram experimentar aqueles brinquedos que, teoricamente, não são apropriados para eles.
A questão é que isso tudo vai muito além de uma simples brincadeira: envolve a sexualidade da criança. E os pais e educadores devem saber como lidar com essas situações para não prejudicar a formação dos pequenos.
É muito comum ver pais reprimindo a vontade de seus filhos. Se uma menina gosta de jogar futebol ou está sempre brincando com moleques, isso não significa que ela vai se tornar uma mulher masculinizada, ou no caso inverso, que o menino vai ficar afeminado.
Quando a criança age assim, ela está apenas descobrindo algo novo, explorando, e isso faz parte do desenvolvimento natural deles.
Na educação sexual, os pais devem sempre se policiar para não autorizar ou proibir brincadeiras e atitudes baseados em “coisas de menina e coisas de menino”. Do mesmo modo, determinar que elas devem usar rosa e eles azul, está totalmente ultrapassado, segundo alguns psicanalistas. Eles acreditam que isto é apenas uma questão de gênero. Afinal, quem determinou que deveria ser desta forma?
As crianças devem, claro, ser orientados pelos pais. Mas é essencial que tenham livre arbítrio para fazer suas escolhas. Essa diferença na criação de meninos e meninas só cria uma expectativa nos pequenos quanto ao papel que devem assumir e impede que se desenvolvam normalmente.
Os adultos devem lembrar que meninos e meninas têm algumas diferenças, mas têm inúmeras semelhanças. Há muitos tabus em torno disso que precisam ser quebrados. Um deles, é que menino não deve chorar.
Em primeiro ligar, é preciso que os adultos compreendam que essa história que “meninas devem ser deste jeito e meninos daquele”, nem sempre é verdade. E essa mesma idéia deve ser transmitida para seus filhos, para que eles aprendam a conviver juntos e aceitar as pequenas diferenças.
Para quem precisa de uma ajuda reforçada para entender e aceitar as diferentes entre garotos e garotas, uma boa leitura é o livro Menino brinca de boneca?, de Marcos Ribeiro. Ele é dedicado à reeducação das crianças e aos seus papéis na sociedade, em função de seus sexos.
Fonte: Paula Ramos Franco - guia do bebê Uol
Se a sua filhota já pediu um carrinho de presente ou se você já flagrou o seu filho brincando com a boneca da irmã, não se assuste! É normal que os pequenos queiram experimentar aqueles brinquedos que, teoricamente, não são apropriados para eles.
A questão é que isso tudo vai muito além de uma simples brincadeira: envolve a sexualidade da criança. E os pais e educadores devem saber como lidar com essas situações para não prejudicar a formação dos pequenos.
É muito comum ver pais reprimindo a vontade de seus filhos. Se uma menina gosta de jogar futebol ou está sempre brincando com moleques, isso não significa que ela vai se tornar uma mulher masculinizada, ou no caso inverso, que o menino vai ficar afeminado.
Quando a criança age assim, ela está apenas descobrindo algo novo, explorando, e isso faz parte do desenvolvimento natural deles.
Na educação sexual, os pais devem sempre se policiar para não autorizar ou proibir brincadeiras e atitudes baseados em “coisas de menina e coisas de menino”. Do mesmo modo, determinar que elas devem usar rosa e eles azul, está totalmente ultrapassado, segundo alguns psicanalistas. Eles acreditam que isto é apenas uma questão de gênero. Afinal, quem determinou que deveria ser desta forma?
As crianças devem, claro, ser orientados pelos pais. Mas é essencial que tenham livre arbítrio para fazer suas escolhas. Essa diferença na criação de meninos e meninas só cria uma expectativa nos pequenos quanto ao papel que devem assumir e impede que se desenvolvam normalmente.
Os adultos devem lembrar que meninos e meninas têm algumas diferenças, mas têm inúmeras semelhanças. Há muitos tabus em torno disso que precisam ser quebrados. Um deles, é que menino não deve chorar.
Em primeiro ligar, é preciso que os adultos compreendam que essa história que “meninas devem ser deste jeito e meninos daquele”, nem sempre é verdade. E essa mesma idéia deve ser transmitida para seus filhos, para que eles aprendam a conviver juntos e aceitar as pequenas diferenças.
Para quem precisa de uma ajuda reforçada para entender e aceitar as diferentes entre garotos e garotas, uma boa leitura é o livro Menino brinca de boneca?, de Marcos Ribeiro. Ele é dedicado à reeducação das crianças e aos seus papéis na sociedade, em função de seus sexos.
Fonte: Paula Ramos Franco - guia do bebê Uol
Como criar uma Catequese Acolhedora
Dar carinho é só o começo. Você mostra que se importa com os catequizandos quando ouve o que eles sentem e valoriza as capacidades e os gostos de cada um. Assim, ajuda a formar pessoas mais felizes e cidadãos responsáveis. Hoje em dia é assim: eu preciso, eu quero, eu vou. Cada vez mais a sociedade estimula crianças e adolescentes a ter atitudes individualistas, que passam bem longe da reflexão e da responsabilidade com o próximo.
O jovem só se sensibiliza quando se sente parte de um grupo — a família, a turma da catequese, a sociedade — e entende que, em cada um deles, sua presença e sua contribuição são importantes. Como a catequese proporciona isso? Oferecendo ao catequizando o direito de ser ouvido e compreendido.
Os catequistas que trabalham dessa maneira, dão ao catequizando, caminhos para reconhecer seus sentimentos desde pequeno. Daí para que ele se torne responsável por suas atitudes é um pulo. Para que você crie esse ambiente acolhedor, é necessário entender o que é afetividade e por que ela é fundamental na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com os outros e com o planeta. Veja a seguir como dosar o conteúdo e a educação dos sentimentos para formar verdadeiros cidadãos:
O jovem só se sensibiliza quando se sente parte de um grupo — a família, a turma da catequese, a sociedade — e entende que, em cada um deles, sua presença e sua contribuição são importantes. Como a catequese proporciona isso? Oferecendo ao catequizando o direito de ser ouvido e compreendido.
Os catequistas que trabalham dessa maneira, dão ao catequizando, caminhos para reconhecer seus sentimentos desde pequeno. Daí para que ele se torne responsável por suas atitudes é um pulo. Para que você crie esse ambiente acolhedor, é necessário entender o que é afetividade e por que ela é fundamental na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com os outros e com o planeta. Veja a seguir como dosar o conteúdo e a educação dos sentimentos para formar verdadeiros cidadãos:
É preciso estimular a criança a dizer o que sente
Imagine se um catequizando de 5 anos chegasse um dia dizendo que queria falar com você e emendasse: "Meus pais estão brigando muito. Acho que eles vão se separar e estou com medo. Por isso tenho batido nos meus colegas". Absurdo. Crianças dessa idade dificilmente têm essa capacidade de expressão. Muito menos os adolescentes. Falar de sentimentos é difícil, principalmente na falta de um ambiente propício, que dê segurança e proteção suficientes para expor dores, medos e incertezas. Se o catequista estimula a criança a expressar o que sente, logo vê mudanças significativas no seu comportamento.
Foi o que aconteceu com Daniel, de 10 anos. Em 2004 ele foi matriculado na 4ª série do Colégio Ricaro, em São Paulo. Tinha dificuldades em fazer amigos e agia de forma bastante agressiva. Com muita paciência e conversa, a professora ganhou a confiança de Daniel, que passou a contar os problemas que tinha em casa. Aos poucos, ela descobriu que o garoto sentia muita falta da mãe, que via raramente. Sem estímulo para expressar sua carência, Daniel só sabia agredir. Ao encontrar a compreensão da professora, fez amizade com os colegas e passou a ver na escola uma aliada. "Pagar com a mesma moeda a agressividade de uma criança é pior. Trabalhamos muito com o Daniel para que, quando estivesse com raiva, não descontasse nos outros. Ele aprendeu a falar o que sentia", conta Sílvia Verônica Alkmin Piedade, coordenadora da escola.
Foi o que aconteceu com Daniel, de 10 anos. Em 2004 ele foi matriculado na 4ª série do Colégio Ricaro, em São Paulo. Tinha dificuldades em fazer amigos e agia de forma bastante agressiva. Com muita paciência e conversa, a professora ganhou a confiança de Daniel, que passou a contar os problemas que tinha em casa. Aos poucos, ela descobriu que o garoto sentia muita falta da mãe, que via raramente. Sem estímulo para expressar sua carência, Daniel só sabia agredir. Ao encontrar a compreensão da professora, fez amizade com os colegas e passou a ver na escola uma aliada. "Pagar com a mesma moeda a agressividade de uma criança é pior. Trabalhamos muito com o Daniel para que, quando estivesse com raiva, não descontasse nos outros. Ele aprendeu a falar o que sentia", conta Sílvia Verônica Alkmin Piedade, coordenadora da escola.
Todo esse cuidado, que parece ir além das obrigações do catequista com o conteúdo, reflete no rendimento do catequizando. "É tarefa do educador, ser justo e generoso com sua turma", afirma Yves de La Taille, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. A justiça, segundo ele, está ligada a tudo aquilo que é de direito do ser humano. Dar uma boa catequese, por exemplo, é dever do catequista. Mas se ele fica com a criança meia hora depois da catequese para atender a uma dificuldade, isso é generosidade. Além de sua conduta ser um exemplo, demonstra que se importa com o catequizando.
Bater papo sobre valores funciona mais do que sermão. Os catequizandos precisam pensar sobre as próprias atitudes e reconhecer os sentimentos que movem suas ações. Quando eles fazem isso, surgem oportunidades de, na prática, construir valores positivos. No caso de um catequizando mentir, por exemplo, o ideal é conversar reservadamente com ele questionando as conseqüências dessa atitude, de como os coleguinhas vão agir ao descobrir a verdade. E se há furto na sala, o melhor é bater um papo, na hora, sobre valores importantes como honestidade, justiça e confiança. Construir valores não é escrever no quadro que temos de ser solidários ou que não podemos bater nos colegas. Isso se faz dando ao catequizando a oportunidade de se colocar no lugar do outro e achar soluções alternativas para seus conflitos, sem agressão.
A questão, no entanto que nos inquieta é como a catequese deve interferir na formação dos valores da criança? A construção de valores e atitudes cabe à catequese, sim. O seu papel, catequista, é identificar entre tantas opções o que pretende construir com sua turma.
Fonte: Adaptado Flávio - Revista Nova Escola – M.Cavalcante
sábado, 13 de março de 2010
Iniciação a Vida Cristã - Estudos da CNBB 97
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ - ESTUDOS DA CNBB Nº 97
RESUMO SINTÉTICO - Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
RESUMO SINTÉTICO - Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
INTRODUÇÃO
Em 1974 a CNBB publicou os primeiros documentos voltados para a Iniciação Cristã: Pastoral da Eucaristia e Pastoral dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Estes, orientados para os Sacramentos da Iniciação.
A preocupação há 35 anos estava voltada para os Sacramentos ou à Pastoral dos Sacramentos. Hoje, ao retornar, sobre a mesma Iniciação Cristã, estamos nos dedicando a um dos temas mais desafiadores da nossa ação evangelizadora. Como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Como fazê-los mergulhar nas riquezas do Evangelho? Como realizar uma iniciação de tal modo que os fieis perseverem na comunidade cristã? Como formar verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo?
Pretendemos nos debruçar não tanto sobre a “preparação para receber os sacramentos”, mas sim sobre o processo e a dinâmica pelas quais “tornar-se cristãos”, processos que vão além da catequese entendida como período de maior aprendizado e orientado para um sacramento.
I – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – POR QUÊ?
Santo Agostinho relata em seu livro Confissões que “tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei”. Muitos, sem saber, estão em busca dessa beleza. Agostinho descobriu tarde a sedução da pessoa e da proposta de Jesus. Mas, talvez, isso tenha contribuído de certo modo para a entrega mais intensa, com o conhecimento de causa e com a consciência do vazio deixado por tantas outras buscas.
Esta procura por Deus está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos pelo mundo, descontentes com propostas que ainda não conquistaram sua mente e seu coração. O ser humano vive à procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. E estas perguntas continuam no coração do homem e da mulher que querem saber quem são, por que estão neste mundo, que sentido têm as escolhas que a vida exige de nós.
Na abertura da carta Fides et Ratio João Paulo II se refere a essa necessidade, que pertence a nossa própria natureza: “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. No Catecismo da Igreja Católica afim que “o homem é capaz de Deus”: “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem... e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” (n 27).
Quem chega à idade adulta com essas indagações precisa de mais do que uma síntese doutrinal. O adulto cheio de perguntas quer descobrir sentido na vida, nos seus relacionamentos no mistério de Deus. Para isso, vai ser necessário um verdadeiro mergulho no mistério, com uma experiência cada vez mais profunda das diversas dimensões da vida cristã. Isso não se faz num “cursinho” rápido e nem mesmo numa catequese isolada de outros aspectos da vida eclesial.
Jesus evangelizou os adultos e abençoou as crianças. Nós muitas vezes fazemos o contrário. As crianças têm todo direito de viver a experiência do amor de Deus. Mas adultos é que vão descobrindo o que, sem saber, seu coração sempre buscou. Uma Igreja em estado permanente de missão tem que responder a essa necessidade. “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso uma orientação decisiva” (DAp, n 12).
Tudo começa com uma busca (cf. Jo 1,38) “que procurais?” pergunta Jesus. E isso gera um encontro (cf. Jo 1,38-39): “onde moras?” dizem eles. No fundo estão perguntando: “como te conhecemos melhor?” e aí Jesus responde: “Vinde e vede”. Depois disso produz uma conversão: eles vão, vêem e decidem seguí-lo. Assim o processo vai produzindo comunhão: permanecem com ele (c.f Jo 1,39), acompanham seu caminho, compartilham até seu poder de expulsar o mal e curar (cf. Mt 10,1).
Movidos por esse novo desafio poderíamos perguntar e refletir um pouco mais sobre o que é de fato a iniciação cristã?
II – O QUE TEMOS EM VISTA QUANDO FALAMOS EM INICIAÇÃO CRISTÃ? – O QUE É?
Diante da sede de infinito, presente em todo coração humano, Deus nos dá uma resposta em Cristo Jesus. Como Pedro, confessamos a nossa perplexidade e a nossa confiança nessa resposta de Deus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).
Consciente disso, a Igreja proclama “que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontra em seu Senhor e Mestre” (GS n 10,2). Com Jesus se faz presente o Reino de Deus, o Mistério revelado entre nós.
Jesus ao falar do Reino chama-o de mistério: “A vós é confiado o mistério do Reino de Deus” (Mc 4,11). Ser cristão é participar desse mistério e se comprometer com ele que é um segredo que se manifesta somente aos iniciados. Não se tem acesso ao mistério através de um ensino teórico, ou com aquisição de certas habilidades, mas de uma maneira ou outra a pessoa precisa ser iniciada a essas realidades maravilhosas através de experiências que marcam profundamente.
Etimologicamente “iniciação” provém do latim “in-ire”, ou seja, ir bem para dentro. É um tempo de aproximação e imersão em novo jeito de ser; sinaliza uma mudança de vida, de comportamento, com a inserção num novo grupo.
Numa cultura moderna quase pós-cristã a Igreja se vê diante da necessidade de uma real iniciação, para formar cristãos que realmente assumam o projeto do Reino. Daí a necessidade de formas de catequese que estejam verdadeiramente a serviço da iniciação cristã.
O documento de Aparecida é enfático ao falar da necessidade urgente de assumir o processo iniciático na evangelização: “ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora. impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã, que além de marcar o quê também dê elementos para o quem , o como e o onde se realiza” (n. 287).
O objetivo final, conteúdo e origem da iniciação cristã é fazer-nos chegar ao Pai, por Jesus Cristo e participar de sua natureza divina (cf DV, n. 2). A iniciação cristã é graça benevolente e transformadora, que nos precede e nos cumula com os dons divinos em Cristo. Ela se desenvolve dentro do dinamismo trinitário: os três sacramentos, numa unidade indissolúvel, expressam a unidade da obra trinitário na iniciação cristã: o Batismo nos torna filhos do Pai, a Eucaristia nos alimenta com o Corpo de Cristo e a Confirmação nos unge com unção do Espírito.
Esta obra de amor de Deus se realiza na Igreja e pela mediação da Igreja. É ela que anuncia a boa nova, acolhe e acompanha os que querem realizar um caminho de fé.
III – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. COMO?
“Eis o Cordeiro de Deus. Ouvindo essas palavras, os dois discípulos de João seguiram a Jesus (cf. Jo 1,36-37). Depois que sentou à mesa com eles, tomou o pão pronunciou a benção, partiu-o e deu-os a eles” (lc 24,30-31). Esse foi um encontro que transforma a vida.
A vida dos primeiros discipulos mudou a partir do encontro com Jesus de Nazaré e seu mistério. Recriados pela fé na vitória da ressurreição e animados pelo dom do Espírito, tornaram-se para sempre participantes da sua vida, membros do seu corpo, celebrantes do seu mistério, testemunhas do seu Reino.
Nossas Igrejas particulares de muitas formas têm convidado e conduzido ao caminho de Jesus. Sabem que o itinerário da iniciação cristã inclui sempre “o anúncio da Palavra do evangelho, que implica a conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso Pa comunhão eucarística” (CIC n. 1229).
Uma herança eclesial e protótipo de caminho que conduz à vida cristã é o catecumenato batismal. Ele é uma escola preparatória à vida cristã. Um processo formativo e verdadeira escola de fé. Nas ultimas décadas, a situação pastoral tem feio a Igreja perceber que há também uma necessidade de catecumenato pré-batismal (CIC n. 1231).
O modelo de catecumenato apresentado pelo RICA possibilita a elaboração de itinerários diversos, de acordo com as necessidades de cada realidade. Uma característica essencial é o seu caráter cristocêntrico e gradual.
O catecumenato é organizado em quatros tempos: Pré-Catecumenato que é o tempo de acolhimento na comunidade cristã. É o momento do primeiro anúncio – querigma; Catecumenato que é o tempo mais longo para a catequese, reflexão e aprofundamento. Vivência cristã e o entrosamento com a Igreja; Purificação e Iluminação que é o tempo da preparação próxima para os sacramentos que se realiza no tempo da quaresma; Mistagogia que é o tempo de aprofundamento e maior mergulho no mistério cristão e a vivência na comunidade.
Estes quatros tempos são permeados por grandes celebrações ou etapas (ingresso na Igreja como catecúmeno ou rito de admissão, eleição ou inscrição do nome, celebração dos sacramentos iniciais) das quais participam membros da comunidade, parentes e amigos.
Dentro de cada tempo vão acontecendo progressos na caminhada da educação da fé. Além das celebrações (etapas) que marcam a passagem de um tempo para outro, há ritos especiais dentro de cada tempo, feitos no meio da semana para marcar os avanços que vão sendo gradativamente atingidos.
IV – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – PARA QUEM?
A mulher samaritana disse então a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água” (Jo 4,15). A samaritana faz um pedido a Jesus no meio de uma conversa em que ambos ouviram e foram ouvidos. Ela se sente capaz de falar e, falando e sendo ouvida, permite que Jesus responda de acordo com a sua necessidade. Esse falar e ouvir foram muito importantes para ela. Ajudaram esclarecer duvidas e descobrir que Jesus era o Messias.
Por isso, inspirados pela ação de Jesus, consideremos os iniciantes como interlocutores e não como meros destinatários no processo de iniciação à vida cristã.
Jesus se aproxima da Samaritana pedindo água. Dar água era sinal de acolhida, hospitalidade, solidariedade. Em troca dessa hospitalidade, Jesus oferece sua própria água. Ao falar do dom de Deus, de água viva que Ele é capaz de dar, Jesus instiga a curiosidade da mulher. Ainda não reconhece o dom de Deus em Cristo. Ela não conhece outra água a não ser a daquele poço e pensa que se há de tirá-la com esforço humano. Não está acostumada à idéia da gratuidade e nem conhece o amor de Deus. Ela conhece o dom de Jacó, de quem aquele poço tornava presente a memória.
Diversas são as motivações dos que procuram a Igreja; saudades do Deus da sua infância; busca de significado para sua vida; impacto provocado por alguma situação difícil; necessidade de cura ou consolo. Nem sempre estão buscando um processo mais completo de iniciação.
Muitos buscam os sacramentos para si ou para seus filhos, sem motivações tão claras; freqüentam as missas ou outras práticas de devoção tendo em vista alcançar graças. Buscam a água que não mata a sede, pois ainda não conhecem a Água Viva.
Para que acontece a conversão e o novo jeito de seguir o Mestre é preciso mudar a linguagem que nem sempre tem sido adequada, são pouco significativas para a cultura atual e em particular para os jovens. Para que a linguagem seja adequada. É preciso que a proposta que vai ser apresentada ao interlocutor tenha a resposta à sede que ele experimenta com mais intensidade.
Também cada um tem que ser considerado na sua realidade humana. No diálogo com a Samaritana, Jesus sonda seu coração, sua vida, sal mente, sua fé. Revela que a vida, a história, as experiências, os sentimentos, os sonhos, os projetos, os medos das pessoas devem ser consideradas, escutadas e valorizadas.
O povo que a Igreja tem a missão de acolher e servir é uma multidão, com rostos variados que precisam ser reconhecidos, identificados, personalizados. Destes, muitos procurarão na Igreja uma resposta para suas buscas. Outros convivem com sua sede sozinhos, ou vão à procura de outra água, em outras fontes, ou ainda, contagiados pela cultura atual, não se dão conta de que têm sede.
Considerando as várias situações em que se encontram as pessoas a serem atendidas nos processos de iniciação, temos entre outros grupos: adultos e jovens não batizados; adultos e jovens batizados que desejam completar a iniciação cristã; adultos e jovens com prática religiosa, mas insuficientemente evangelizados; pessoas de várias idades marcadas por um contexto desumano ou problemático; grupos específicos, em situações variadas; casais em situação matrimonial irregular; adolescentes e jovens; crianças não batizadas inscritas na catequese; crianças e adolescentes batizados que seguem o processo tradicional de iniciação cristã.
V – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – COM QUEM CONTAMOS? ONDE?
Os participantes do processo de Iniciação à Vida Cristã devem ser vistos como interlocutores e não simples destinatários. Eles têm direito a catequistas competentes e testemunhas do Reino, bem como a todo apoio da comunidade eclesial que com eles trabalhem num processo participativo.
Diante disso é fundamental um cuidado especial na preparação e acompanhamento destes evangelizadores. Para isso se recomenda que a própria formação desses responsáveis seja no estilo catecumenal, possibilitando a eles viverem a Iniciação à Vida Cristã. Apenas a formação inicial não é suficiente, pois o compromisso que assumem é exigente e requer que assumam com afinco.
O RICA tem importantes orientações sobre os agentes responsáveis pela Iniciação (cf RICA, n. 41-48). Algumas propostas são oferecidas, especialmente no referente aos vários agentes.
Os introdutores: São aquelas pessoas que, através do entusiasmo e exemplo, ajuda o iniciando a encantar-se por Jesus Cristo, pessoa, mensagem e missão.
Os padrinhos e madrinhas: são aquelas pessoas que ajuda o catecúmeno a viver o Evangelho, auxilia em suas dúvidas e inquietações, vela pela oração e a participação na vida da comunidade, no compromisso com a construção do Reino de Deus.
A família: os pais são, pela força do sacramento do Matrimônio, os primeiros educadores de seus filhos na fé, na esperança e no amor. Assim, ao gerar e educar seus filhos, as famílias são cooperadoras privilegiadas de Deus Pai e Criador, de Deus Filho e Salvador e de Deus Espírito Santo santificador. Mas sabemos que são muitas e variadas as situações das famílias no mundo de hoje. Daí é importante na Igreja uma bem articulada e dinâmica pastoral familiar, não isolada, mas em profunda comunhão com as demais pastorais.
Os catequistas: são os mediadores que ajudam os catecúmenos a acolherem a gradual e progressiva revelação do Deus amor e de seu projeto salvífico. Eles têm a missão de auxiliarem cada catequizando para seu encontro pessoal com o Senhor.
A comunidade: lugar onde o iniciante À vida cristã sinta-se bem e descubra nela o exemplo concreto do tipo de vida com o qual ele quer se comprometer.
O Bispo: como primeiro responsável pela Igreja particular ele é o catequista por excelência e deve ter a catequese, segundo diz Catechesi Tradendae, como a prioridade das prioridades. Cabe-lhe, portanto, um zelo especial para com o processo de Iniciação à Vida Cristã e todas as iniciativas de formação continuada em sua diocese.
Presbíteros e diáconos: devem ser homens disponíveis especialmente aos que se mostram hesitantes e inquietos. Cabe-lhes aprovar a escolha dos introdutores, dos padrinhos e cuidar da formação dos mesmos. É função do presbítero zelar pela adequada formação dos responsáveis pelos quatro tempo da Iniciação e garantir que as celebrações e ritos das três etapas sejam segundo as normas da Igreja.
Lugares da Iniciação à Vida Cristã. Os ritos devem acontecer em lugares adequados. O mais importante é que a Igreja particular assuma sua responsabilidade de ser o espaço eclesial de testemunho e evangelização por excelência.
CONCLUSÃO
Propomos aqui um horizonte para orientar a caminhada, pois não é um projeto fechado, para ser seguido ao pé da letra em todas as situações. Por isso falamos em catequese de inspiração catecumenal. Haverá necessidades de adaptações, soluções locais criativas, maneiras de conviver com eventuais carências.
É bom lembrar que nossa catequese tem conquistas importantes que devem ser valorizadas, conservadas e aprofundadas. O novo que está sendo proposto não invalida o que temos e é bom, antes se enriquece com a que já existe e pode favorecer o processo.
Por isso, queremos ser discípulos, não somente gente que faz “cursinho”. Discípulo não é simplesmente uma pessoa que aprende. Ele se encanta pelo Mestre, quer seguí-lo na originalidade de sua própria vida, acolhe na mente e no coração um novo jeito de tomar decisões, de compreender a realidade, de orientar suas forças criativas.
Pe. Almerindo da Silveira Barbosa - Assessor Diocesano da Catequese
Vigário Paroquial - Paróquia Nossa Senhora do Carmo Arcos-MG
sexta-feira, 12 de março de 2010
Inspiração sociointeracionista
Você está pronto para discutir o projeto catequético e participar de todas as reuniões de planejamento. Já percebeu como todas essas tarefas envolvem outras pessoas? Esse é o terceiro ponto fundamental da história. Ninguém vai a lugar nenhum sem um bom entrosamento entre padres, diáconos, seminaristas, coordenadores, agentes, catequistas, catequizandos e familiares. Não há mais espaço, na igreja do século XXI, para o cristão egoísta, que não troca informações permanentemente com os demais na comunidade. O trabalho em conjunto chega como uma importante ferramenta de melhoria do trabalho em comunidade. Na catequese chega de pensar nas salas isoladamente. A perspectiva certa é a do todo. "Trabalhar assim é ampliar a participação da coletividade". O modelo dominante ainda é o que está assentado numa prática individualista e fragmentada, "baseado em conteúdos pre-estabelecidos, com métodos de avaliação excludentes, e numa gestão que dispensa o trabalho em grupo". Mas nem tudo está perdido.
"Procure fugir do conceito de que planejar é dar receitas", "Ou seja, não estabeleça tudo antes. Deixe um espaço para resolver questões imprevistas. A organização da catequese tem a ver com o cuidado de não engessar o processo". O que dá uma importância ainda maior à equipe, que precisa estar coesa. Periodicamente, os catequistas devem fazer entrevistas, reuniões com pais e moradores, que servem de inspiração para o planejamento — um jeito muito bom de tomar decisões em conjunto. Além das reuniões freqüentes de catequista deixe um espaço fixo de discussão com os catequizandos. Com isso, as famílias se sentem co-responsáveis — e os catequistas retribuem com atividades ligadas à vida das crianças. Nas turmas iniciais, por exemplo, um dos trabalhos preferidos pelos pequenos é construir letras de argila para escrever os nomes de pessoas da comunidade.
A aprendizagem é reforçada pela interação. Marina, de 6 anos, Thiago, de 9, e Cíntia, de 14, modelam flores coloridas de papel crepom para enfeitar o ambiente catequético. Vão fazer, juntos, um carro alegórico. Bem perto, outro grupo com gente de todos os tamanhos recorta retalhos coloridos, cola e costura bonequinhos de pano, batizados de Frida e Fritz. A experiência tem por objetivo integrar diferentes idades (a catequese aboliu a classificação por séries ou fases). Os grupos são montados aleatoriamente, para que menores e maiores se ajudem, aprendam uns com os outros. A reorganização das turmas é uma das situações de aprendizagem com inspiração sociointeracionista usadas como parte da proposta de trabalho. No exemplo, eles são apenas três, nos quais as crianças são agrupadas por faixa de idade. Os conteúdos viram um meio para desenvolver competências, o que começa pelos próprios catequistas. Exemplo, um catequistas teve de pensar numa atividade simultânea para catequizandos dos 6 aos 14 anos. "Às vezes, tenho a impressão de que vou perder o fio da meada", diverte-se. A garotada adora. "Os pequenos reclamam um pouco, mas nós, maiores, sempre podemos ajudar", diz Karina, de 13.
No início, há um temor de que os catequistas com catequizandos de 12 e 14 anos não soubessem lidar com os de 6 a 8 ou de que os maiores se desentendessem com os menores mas as experiências vêm mostrando que o resultado é maravilhoso. O motor desses encontros é a possibilidade de proporcionar situações novas além de incentivar o trabalho em equipe. Na prática, eles servem para balançar os alicerces da formação rígida e segmentada e fazer com que as crianças se conheçam melhor. O planejamento individual virou peça de museu. De olho no futuro, o catequista precisa ver a importância de levar o catequizando a querer aprender. Perceber como é glorioso pegar um ser humano cru e elevá-lo. Essa é a função do educador: passar o gosto pelo saber. Em resumo, o desafio que está colocado é buscar a melhor maneira de ajudar a construir um mundo melhor.
Adaptado Flávio.
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