terça-feira, 4 de maio de 2010

Sódio


As populações que apresentam baixa ingestão de sódio, praticamente não apresentam casos de hipertensão. Nossa dieta contém muito mais sódio do que o necessário. Temos um paladar que foi acostumado a grandes quantidades de sal desde a infância que não notamos o quanto nossa comida é salgada.

Praticamente todos os meus pacientes, quando eu peço para reduzir o consumo, afirmam já comer pouco sal. 99% estão enganados. Se você vive no mundo ocidental e consome queijos, molho de tomate, comida congelada, come em restaurantes, consome fast food, biscoitos, comida enlatada e muitos outros alimentos facilmente encontrados nos supermercados, você tem uma dieta hipersódica (excesso de sal). Você apenas não sabe disso porque seu paladar está adaptado a altas concentrações de sódio.

A quantidade máxima de sódio recomendada é de 2,4 gramas por dia, o equivalente a 6 gramas de sal. Para se ter uma idéia, aquele saquinho de sal, branco e quadradinho, que existe em todo restaurante, possui 1g de sal. Pessoas hipertensas, cirróticos, renais crônicos ou com insuficiência cardíaca devem consumir menos de 1,5 gramas de sódio/dia. A população ocidental consome em média de 9 a 15g de sal por dia.

Os efeitos do sal são diferentes em cada indivíduo, mas alguns grupos apresentam maior sensibilidade: negros, obesos e doentes renais crônicos.

Além de provocar hipertensão, o sal também atrapalha o seu tratamento ao inativar alguns anti-hipertensivos. Isso acontece principalmente na família dos diuréticos e dos IECA (captopril e enalapril são os mais famosos).

Além das consequências da hipertensão, o excesso de sódio também está relacionado a:

- AVC (derrames)
- Insuficiência renal
- Insuficiência cardíaca
- Câncer de estômago
- Pedras nos rins
- Diabetes
- Asma
- Osteoporose

Devido aos problemas do sódio, o chamado sal light, composto por cloreto de potássio (Kcl), vem ganhando adeptos. O nome light não é bom e causa confusão, pois o termo normalmente é dado a alimentos de baixo valor calórico. Na verdade o sal light, não é cloreto de potássio puro, ele é uma mistura com cloreto de sódio, porque o gosto do potássio é muito azedo.

Trabalhos científicos mostram que uma maior ingestão de potássio, ao contrário do sódio, protege contra a hipertensão. Alimentos industrializados costumam ser ricos em sódio e pobres em potássio, enquanto que nas frutas e nos vegetais ocorre o oposto.

Mas existe um risco. O potássio em grandes quantidades pode ser letal. Tanto que nos países com pena de morte, o medicamento usado nas injeções letais é o próprio cloreto de potássio, obviamente em quantidades muito elevadas.

Em geral quem controla as concentrações de potássio no nosso sangue são os rins. Se ingerirmos mais potássio que o necessário, o excesso sai na urina. O problema são os pacientes com doenças renais, que não conseguem controlar bem o potássio sanguíneo. Nesses, o KCl é contra-indicado. Pessoas com boa função dos rins não correm risco.

Como a hipertensão é causa de insuficiência renal, assim como, a insuficiência renal leva a hipertensão, não é incomum encontrarmos pacientes com as duas patologias ao mesmo tempo. Por isso, se você é hipertenso ou apresenta fator de risco para doença renal, dose sua creatinina antes de tomar suplementos que contenham potássio.

Bom, resumindo: O ideal é cortar o sal da dieta, ingerir menos de 6 gramas por dia e associar a uma alimentação rica em frutas e verduras. O sal light faz menos mal que o sal comum, mas ainda contém, mesmo que em menor quantidade, cloreto de sódio. O mais importante é uma reeducação do paladar para não sentir tanta falta do sabor salgado.

Fonte: mdsaude.com

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