sábado, 14 de junho de 2014

Beija-Flores

Como preparar água para os beija-flores

Compramos um bonito bebedouro, enchemos com água e açúcar, instalamos num local propício e, ao invés de beija-flores, atraímos um monte abelhas! Este e outros problemas realmente podem ocorrer nos bebedouros. Outro problema bem comum é a fermentação da mistura, que pode até prejudicar s pássaros. Veja como é possível evitar estes problemas:

Proporção açúcar/água - A alimentação artificial complementar de beija-flores é feita com uma mistura de quatro partes de água filtrada para uma parte de açúcar, medidas em volume. Por exemplo: em 100 ml da mistura, teremos 80 ml de água e 20 ml de açúcar. O excesso de açúcar é desperdício, mas não chega a causar problema aos animais. O açúcar fornece energia, mas as aves continuam necessitando buscar insetos e pequenas aranhas para sua dieta em proteínas.

Limpeza - A falta de higiene nos bebedouros faz mal e até mesmo pode matar os beija-flores. Os bebedouros devem ser muito bem limpos e a água açucarada trocada diariamente. Assim, se evita o crescimento de um fungo que se instala na garganta da ave e pode causar sua morte por sufocação. Devemos ter dois bebedouros para usar em cada ponto de alimentação. Remove-se para limpeza o que foi usado e se coloca com mistura nova, o bebedouro já limpo no dia anterior.

Como fazer a limpeza: retire o bebedouro sujo, lave com água corrente, escove onde haja depósito de sujeira e pontos pretos de fungo. Coloque de molho por 20 minutos em recipiente com água misturada com um pouco de água sanitária. Enxágüe bem e deixe secar para reutilização no dia seguinte.

Como evitar as formigas - No caso de formigas visitarem o bebedouro, é só passar vaselina no gancho e arame que o penduram, para que elas não passem.

Como evitar as abelhas - Quando abelhas começarem a visitar o bebedouro a proporção de açúcar pode ser diminuída. É que o beija-flor aceita água com menos açúcar, mas ela passa a ser desinteressante para as abelhas. As abelhas só aparecem em algumas épocas do ano, quando faltam flores no ambiente para sua alimentação. Após algumas semanas, as flores voltam à região, as abelhas não precisam mais do açúcar e desaparecem.

Repelente natural de abelhas - Se a diminuição na concentração de açúcar na mistura para os beija-flores não for suficiente para espantar as abelhas, pode-se usar um repelente natural. A receita é a seguinte: 1 colher de sopa de vinagre + 1 colher de sopa de azeite + ¼ de dente de alho. Amasse o alho com um garfo e vá juntando os outros ingredientes, homogeneizando a mistura. Encha o bebedouro limpo com a solução de açúcar e, antes de pendurá-lo no ponto de alimentação, passe o repelente com pincel onde pousam as abelhas (flores de plástico e em torno do furo). Não deixe misturar com a solução de açúcar. A sobra do repelente pode ser guardada em geladeira por alguns dias para reutilização. Antes do reuso, deixe em temperatura ambiente por alguns minutos, misture bem seus componentes (homogeneizar) e então pincele no bebedouro.

Aves - O beija-flor-tesourão (Eupetomena macroura) que mede cerca de 19cm, é escuro e de rabo comprido, às vezes se apossa do bebedouro e não deixa mais nenhuma ave ali beber. É o dono do local! Neste caso, pode-se colocar outro ponto de alimentação um pouco mais afastado, para permitir que as outras aves também tenham oportunidade. No bebedouro para beija-flores, também podemos receber a visita de muitas cambacicas ou sebinhos(Coereba flaveola), de sanhaço-de-coqueiro (Thraupis palmarum), de saí-azul (Dacnis cayana) e de outras aves que se alimentam de néctar. Podemos anexar um poleiro ao bebedouro, para facilitar o acesso a estas outras aves. Ele pode ser um palito de churrasco, ou pauzinho japonês, atravessado na base oca do bebedouro. A finalidade do bebedouro para beija-flores é atrair estas aves para os jardins, varandas, janelas.

O bebedouro não substitui as necessidades nutricionais dos beija-flores, já que o néctar tem outros nutrientes além do açúcar e, além disso, os beija-flores se alimentam também de pequenos insetos e artrópodes, de onde obtêm proteínas.

Aprenda a fazer um bebedouro com garrafa PET: Peque uma garrafa de plástico de refrigerante ou água mineral, tipo descartável (PET), de 500 ml ou menor. Esquente um prego bem fino e faça um furinho na base da garrafa. Pinte em torno do furinho com esmalte vermelho. Pendure a garrafa com um arame ou barbante forte.

Em tempo: Os bebedouros para beija-flores já foram incriminados como causadores de candidíase oral nesta aves, o que, entretanto, não está comprovado científicamente. Para saber mais, acesse o link http://www.ib.usp.br/ceo/mitos/mitos.htm

Fontes de pesquisa: Ambientalista Plínio Senna, do Clube de Observadores de Aves do Rio de Janeiro - COA/RJ Luiz Fernando Figueiredo, do Centro de Estudos Ornitológicos
Site recomendado: http://www.ib.usp.br/ceo/


MAIS DICAS


Bebedouro beija-flor mito ou verdade

Muitos admiradores de pássaros adoram receber a visita daquele que é símbolo da beleza e simplicidade: o beija-flor. Por isso é comum ver casas decoradas com bebedouros onde essas aves podem se servir tranquilamente. Mas algumas pessoas acreditam que podem estar prejudicando o pássaro colocando água com açúcar para ele beber, e por isso o médico sanitarista e ornitólogo Luiz Fernando de Andrade Figueiredo explica melhor este assunto.

É correto dar água com açúcar para um beija-flor beber? Além dessa solução, quais outros alimentos podem ser dados para esse pássaro?
Depende da situação. Ninguém precisa colocar esse suprimento alimentar nos habitats naturais dos beija-flores, pois lá eles já têm suas fontes alimentares naturais. Também nos sítios e residências que dispõem de quintais e jardins, o ideal é plantar vegetais atrativos para os beija-flores, que produzem flores com néctar, que ajudarão a enfeitar esses lugares e darão o alimento natural aos beija-flores. Mas muitas pessoas que moram em lugares com poucos espaços, como apartamentos, gostam de colocar bebedouros nas sacadas para receberem esses visitantes. E também há lugares já famosos que utilizam esses artefatos e são assim visitados por um grande número de beija-flores, facilitando sua observação, fotografia e filmagens, tornando-se assim importantes destinos de observação de aves. Não há nenhum problema em usar os bebedouros com água açucarada para atrair beija-flores. Além do néctar, os beija-flores se alimentam também de pequenos artrópodes, de onde obtêm seu suprimento proteico. Não há necessidade de colocar outros alimentos nos bebedouros além do açúcar comum, pois os beija-flores os procurarão na natureza.

É verdade que colocar água com açúcar no bebedouro provoca câncer no bico do beija-flor?

Não existe nenhuma constatação científica de que isso ocorra. Na verdade existe um mito muito difundido de que o uso dos bebedouros com água e açúcar causaria uma doença na boca dos beija-flores, levando-os à morte. Investigando esse mito, constatei que ele deve ter surgido de informações veiculadas por Augusto Ruschi, um naturalista do Espírito Santo que se dedicou bastante ao estudo dos beija-flores e foi o criador do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Ocorre que Ruschi mantinha beija-flores em cativeiro para estudo e não há informação do tipo de alimento que dava a eles. Provavelmente o suprimento proteico era insuficiente, do que resultava desnutrição nos beija-flores e a consequente queda de sua imunidade. Uma doença muito comum nos indivíduos com imunidade suprimida é a candidíase, uma micose causada pelo fungo Candida albicans, o popular “sapinho” que acomete boca de nenéns, que naturalmente têm sua imunidade ainda não completamente desenvolvida. Essa afecção é também muito comum e uma das primeiras que aparecem no doente de AIDS. E um local habitual de manifestação da candidíase é a boca e a garganta. Certamente era essa a doença que afetava os beija-flores de Ruschi. A divulgação disso ganhou uma grande repercussão, mas de forma equivocada, pois as pessoas entenderam que era a água com açúcar dos bebedouros que causava a doença (ou mesmo o fato da água estar deteriorada) e não a deficiência proteica dos beija-flores em cativeiro. A Candida albicans é um micróbio ubíquo, e certamente temos contato com ele inúmeras vezes em nossa vida, só não desenvolvemos a candidíase porque temos nosso sistema imunológico funcionando normalmente.


Quais são os procedimentos adequados que uma pessoa deve tomar para instalar um bebedouro de beija-flor em sua residência? Quais são os cuidados que se deve ter com o bebedouro?
Costumo dizer que ninguém deixa uma comida mofada para seu cachorro; dessa forma, se alguém pretende atrair beija-flores com bebedouros com água açucarada, deverá ter com eles o mesmo zelo. É recomendado que se troque diariamente a solução açucarada dos bebedouros (o ideal é usar bebedouros de dimensões apropriadas para que seu conteúdo se esgote ao final do dia) e o lave adequadamente. O interior das garrafas pode ser limpo com o uso dessas escovas próprias para limpar mamadeiras. O ideal também é que o bebedouro não tenha muitos ornamentos (imitando as corolas das flores), pois esses são difíceis de serem limpos. Basta um tubinho por onde ele beberá e um colorido vermelho ao redor deste que os beija-flores virão investigar e descobrirão a fonte alimentar. Também é recomendável, pelo menos periodicamente, deixar o bebedouro de molho em água clorada, para desinfecção. Uma colher de sopa de água sanitária em um litro de água é uma boa solução desinfetante. Enxaguar bem após essa desinfecção. A água açucarada deve imitar a concentração do néctar na natureza, e como esse varia em torno de 15 a 25%, pode-se preparar a solução açucarada a 20%: uma parte de açúcar para 4 partes de água. A água não precisa ser fervida, usar água do abastecimento público. Algumas espécies de beija-flores são muito territorialistas, como o beija-flor-tesourão, Eupetomena macroura, ficando por perto do bebedouro e investindo contra outros beija-flores que tentam se aproximar. Esse é na verdade o único problema que o uso de bebedouros com água açucarada acarreta!



Luiz Fernando de Andrade Figueiredo e médico sanitarista, ornitólogo autodidata, fundador do CEO (Centro de Estudos Ornitológicos) e membro efetivo do CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos).

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