Sendo o catequista um ”jardineiro de gente” (Madre Ma. Helena Cavalcanti), é fundamental que conheça bem seus catequizandos, a fim de melhor atingir cada um deles de forma profunda e integral. O Diretório Geral para a Catequese, em seu número 171, afirma: “A Catequese, segundo as diferentes idades, é uma exigência essencial para a comunidade cristã“. É também um dos processos da pedagogia da fé.
Numa Catequese eficaz, se faz necessário o catequista conhecer bem os catequizandos, o conteúdo a ser transmitido e as estratégias mais apropriadas para as diferentes idades e realidades. “A catequese é um processo dinâmico e abrangente de educação da fé, um itinerário, e não apenas uma instrução. Não há tempo e hora para acabar. É vida vivida na fé. Uma caminhada para a vida toda, que não pode limitar-se a ocasiões e lugares.”(CR 281. 284).
Quando a catequese se torna um processo de educação permanente da fé, observamos algumas características, onde:
1- Crescem juntos o homem e o cristão;
2- A Boa Nova é proclamada para transformar;
3- Os catequistas são testemunhas e educadores da fé, além de apresentar uma metodologia dinâmica e adequada;
4- Há estímulo para a construção do Reino de Deus.
Afirma o Diretório Geral para a Catequese em seu número 167, que “todo batizado, porque chamado por Deus à maturidade da fé, necessita e, portanto, tem o direito a uma catequese adequada. É, por isso, tarefa primária da Igreja responder a este direito, de maneira totalmente congruente e satisfatória. Neste sentido, recorda-se, antes de qualquer outra coisa, que o destinatário do Evangelho é “um homem concreto e histórico” sempre radicado em determinada situação, sempre influenciado, conscientemente ou não, por condicionamentos psicológicos, sociais, culturais e religiosos. No processo de catequese, o destinatário deve poder manifestar-se sujeito ativo, consciente e co-responsável, e não puro receptor silencioso e passivo.”
Diante desta realidade, um catequista consciente de sua missão, deve sempre saber:
1- Com quem fala. 2- O que fala. 3- Como fala .
Cada pessoa humana deve ser conhecida e respeitada por si mesma, já que é imagem e semelhança de Deus (cfr. Gn 1,26). Portanto, o acolhimento da Mensagem da Catequese será de acordo com a realidade de cada catequizando.
Sabemos que todo o ser humano tem em si:
- corpo – dimensão física (estrutura física, habilidades e capacidades próprias);
- inteligência – dimensão cognitiva (capacidade de apreender e produzir conhecimento);
- emoção – dimensão afetiva (sente e manifesta emoção em suas palavras e atitudes);
- vontade – dimensão volitiva (tem vontade própria, que pode ser orientada para o belo, ou desviada para o mal);
- sociabilidade – dimensão social (é capaz de interagir com o meio e de se relacionar com pequenos ou grandes grupos);
- religiosidade – dimensão religiosa (o homem é capaz de Deus: “Criaste-nos para ti, Senhor e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti.”- Sto. Agostinho).
Devemos trabalhar o ser humano em sua totalidade, sabedores de que “a Verdade só se revela inteira ao homem inteiro” (Madre Ma. Helena Cavalcanti). Por isso, a linguagem, o conteúdo, as atividades, o relacionamento entre o grupo devem ser os mais adequados possíveis, para facilitar o anúncio e a vivência da Boa Nova.
É importante observar também que “a atenção ao indivíduo não deve fazer esquecer que a catequese tem como destinatária a comunidade cristã como tal, e cada pessoa no âmbito desta. Se, de fato, é de toda a vida da Igreja que a catequese recebe legitimidade e energia, também é verdade que « o crescimento interior da Igreja, a sua correspondência ao desígnio de Deus dependem da mesma catequese ». Portanto, a necessária adaptação do Evangelho diz respeito e envolve também a comunidade enquanto tal”. (DGC 168).
Algumas Características do Comportamento Humano:
0 – 6 anos:
· apaixonado por tudo que o cerca;
· voltado para si mesmo;
· aprende de forma concreta (vendo, apalpando, ouvindo...).
7 – 9 anos:
· abertura para o grupo;
· relacionamento pessoal mais amplo;
· idade propícia para a recepção dos sacramentos da Penitência e Eucaristia.
9 – 12 anos :
· volta-se para o mundo exterior;
· mundo da lei ;
· pressão do grupo;
· pedagogia do herói.
Adolescência:
· passagem do pensamento lógico-concreto para o abstrato;
· alargamento dos interesses, desejo de conhecer, compreender, discutir os problemas e encontrar soluções para os mesmos;
· a concepção de Deus vai se espiritualizando cada vez mais - Deus é alguém que é diversidade e mistério, presença interior e amigo fiel;
· ruptura com o passado;
· desejo de se afirmar;
· capacidade de admiração;
· desejo de tudo conferir;
· imensa afetividade;
· necessidade de atividade;
· sonhos e idealismo;
· necessidade de amizade;
· espírito de imitação.
Juventude:
· fase das grandes opções: o que ser (vocação), o que fazer (profissão);
· consumista;
· desinformada;
· muitas vezes excluída da participação social e eclesial;
· diversificada (os egoístas, os “instintivos”, os ideológicos, os construtores da paz);
· em busca da maturidade (reconhecimento da própria identidade sexual, reformulação do projeto de si mesmo, maior autonomia decisória, inserção na realidade social e no mundo do trabalho).
Adultos:
· conhecimento de si mesmo;
· maior enfrentamento da realidade;
· bom relacionamento com os outros;
· integração da personalidade;
· busca de unidade interior.
Conversando um pouquinho sobre...
CATEQUESE DA TERCEIRA IDADE:
O Diretório Geral para a Catequese apresenta a Catequese dos Anciãos, como “nova e específica tarefa pastoral para a Igreja, visto que em muitos países cresce o número de pessoas da terceira idade”. Independentemente da condição sócio-cultural do ancião e de sua experiência religiosa, é necessária “uma catequese da esperança que provém da certeza do encontro definitivo com Deus” (DGC 187). A catequese deve ajudar “a pessoa anciã a redescobrir as ricas possibilidades que estão dentro dela, ajudando-a a assumir papéis catequéticos no mundo das crianças, ..., dos jovens e dos adultos. Deste modo, se favorece um fundamental diálogo entre gerações, no âmbito da família e da comunidade” (DGC 188).
CATEQUESE PARA PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS
Vejamos o que o Diretório Geral para a Catequese afirma: “Toda comunidade cristã considera como pessoas prediletas do Senhor aquelas que, particularmente entre as crianças, sofrem de qualquer tipo de deficiência física e mental e de outras formas de dificuldades. Uma maior consciência social e eclesial e os inegáveis progressos da pedagogia especial fazem com que a família e outros lugares de formação possam hoje oferecer, a essas pessoas, uma adequada catequese à qual têm direito como batizadas e, se não batizadas, como chamadas à salvação. O amor do Pai para com estes filhos mais frágeis e a contínua presença de Jesus com o seu Espírito nos dão a confiante certeza de que toda pessoa, por mais limitada que seja, é capaz de crescer em santidade” (DGC 189). Evidentemente, esta catequese necessitará de uma preparação e abordagem diferenciadas, para melhor acolhê-los e inseri-los posteriormente na comunidade eclesial. É o que costumamos chamar de Catequese Especial.
CATEQUESE DAS PESSOAS MARGINALIZADAS
“Na mesma perspectiva deve ser considerada a catequese dirigida a pessoas em situações de marginalidade, ou próximas a ela, ou já caídas na marginalização, tais como os imigrados, os refugiados, os nômades, as pessoas sem habitação fixa, os doentes crônicos, os toxicômanos, os presos... A palavra solene de Jesus, que ensina como feito a Ele próprio todo gesto de bondade realizado a « um desses pequeninos » (Mt 25,40; 45), garante a graça de bem atuar em ambientes difíceis” (DGC 190).
CATEQUESE PARA GRUPOS DIFERENCIADOS
“Neste contexto estão incluídas a catequese para o mundo operário, para os profissionais liberais, para os artistas, os homens da ciência, para a juventude universitária... São categorias de pessoas vivamente recomendadas no âmbito do caminho comum da comunidade cristã. É claro que todos estes setores necessitam de abordagens competentes e de uma linguagem apropriada aos destinatários, mantendo plena fidelidade à mensagem que se pretende transmitir” (DGC 191).
CATEQUESE AMBIENTAL
Afirma o Diretório Geral para a Catequese, número 192: “O serviço à fé, atualmente, tem grande consideração pelos ambientes ou contextos de vida, uma vez que neles, a pessoa desenvolve concretamente a própria existência, recebe influências e influencia, e exerce as próprias responsabilidades”. Merece destaque a atenção às catequeses urbana e rural: “Para cada um desses ambientes será necessário criar um adequado serviço à fé, valorizando catequistas preparados, produzindo oportunos subsídios, recorrendo aos recursos dos meios de comunicação social...” (DGC 192)
Importância da Formação
Ao trabalhar com os catequizandos, independentemente de etapa do desenvolvimento ou condição sócio-cultural, o catequista deverá se esforçar para desenvolver na catequese um processo de:
· Formação na Fé;
· Formação da consciência;
· Formação para a Oração;
· Formação para o engajamento .
Conhecendo bem os catequizandos e o conteúdo, o catequista poderá escolher adequadas estratégias para os encontros, de acordo com a realidade de seu grupo.
Uma Palavra Final sobre o Catequista
“É preciso realçar sempre a importância do testemunho na pregação da Palavra, na catequese. Não fora isso, os catequistas poderiam facilmente ser substituídos por discos”. Como a criança e o jovem, principalmente, embora o adulto não seja excluído, necessitam de admirar aquele que ensina! Mesmo nas disciplinas do currículo escolar isso é uma constante. Quantos alunos deixam de gostar de uma matéria culpando o professor não só pela deficiência cultural ou falta de pedagogia mas, freqüentemente, por sua maneira inconveniente de ser, de se relacionar. Se isso acontece, por exemplo, com a matemática, que não se mete com sua vida particular, quanto mais com os ensinamentos de Jesus que exigem a pessoa inteira!
Infelizmente, são freqüentes os casos em que alguns abandonam a catequese por causa da pessoa do catequista. A mesma ênfase que se dá à preparação intelectual se faz necessária ao aperfeiçoamento da conduta do catequista. Integrar o conhecimento numa vida correta inspirada pelos valores do Evangelho, para anunciar a palavra de Deus é a meta do catequista.
Não somos carteiros levando a Carta de Deus mas discípulos que trazem suas palavras na mente, no coração e na vida.
Não somos carteiros levando a Carta de Deus mas discípulos que trazem suas palavras na mente, no coração e na vida.
Então é preciso ser perfeito? Não. Mas buscar a perfeição exige certos requisitos que são muito importantes, além da adequada qualificação intelectual e da cuidadosa preparação do encontro. Sua vida não pode desmentir o que sua boca fala. “Que vosso falar seja sim, sim, não, não.” (Mt 5,37). Não escandalizemos nossos irmãos com o divórcio entre a doutrina que ensinamos e a vida que levamos. Quem não aprecia uma pessoa simpática, afável com todos, exigente sem ser intolerante, mansa sem ser fraca, educada sem ser formal, simples sem ser vulgar, boa sem ser permissiva... e principalmente sincera e alegre na sua adesão a Cristo e à sua Igreja?
Lembremo-nos do que o apóstolo Paulo nos ensina: “Tende entre vós os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5). Sim, miremo-nos constantemente nesse Espelho, procurando imitá-l’O pela leitura e prática de suas virtudes. “Sede não somente ouvintes, mas praticantes do Evangelho” (Tg 1,22). Que o Espírito Santo, “memória de Jesus em nós”, “dobre o que é rígido e aqueça o que é frio” a fim de que Jesus possa contar conosco no crescimento de seu Reino. Reino de paz, justiça e amor! Só uma chama acende outra chama!” (Madre Ma. Helena Cavalcanti).
Fonte: Adaptado Flávio
. Diretório Geral para a Catequese. Congregação para o Clero;
. Catequese Renovada. CNBB;
. Escritos de Me. Ma. Helena Cavalcanti;
. Quem é o catequizando. Pe. Paulo César Gil.
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